Debates
A floresta do futuro
Da Redação | 11 de maio de 2019 - 01:12
Por Por João Comério
O setor florestal brasileiro teve um desempenho destacado
nas últimas décadas, impulsionado por fatores naturais, tecnológicos e de
mercado. Hoje, o Brasil possui cerca de 8 milhões de hectares de
florestas plantadas, com destaque para o crescimento da área plantada de
eucalipto e aumento da produção de celulose. Há ainda, entretanto, um imenso
potencial para atração de capital de investidores financeiros no setor – o
Brasil é o melhor lugar do mundo para se investir em florestas.
Explico o porquê: em primeiro lugar, a produtividade
agro-florestal brasileira se beneficia da disponibilidade de água e da alta
incidência de luz solar. Com isso, o Brasil está entre os países que oferecem
terras produtivas com o menor custo, uma vez que a maior parcela do capital
empregado no setor está na terra.
O principal diferencial brasileiro é a liderança mundial em
produtividade florestal em grande escala – uma floresta que produz mais, custa
menos, consome menos recursos naturais e fornece produtos e serviços de maior
valor agregado. Mas como isso é possível, diante das constantes mudanças
ambientais e de mercado, que trazem cenários de incerteza?
Destacamos aqui três principais pontos: os fatores naturais,
as mudanças no mercado e, fundamentalmente, os avanços tecnológicos, capazes de
impulsionar o setor, por meio da otimização do fluxo de caixa, capital
empregado e custo do capital. Mas como?
A adoção rápida de tecnologias disponíveis, por exemplo,
pode trazer benefícios como redução de custo e otimização do capital empregado
já no curto prazo. Trata-se de um investimento capaz de mudar o patamar do
valor do ativo florestal. Gestão e eficiência estão diretamente ligadas à
otimização dos recursos existentes. Soluções 4.0 têm impacto disruptivo nesse
processo.
Para se ter uma ideia das diferentes possibilidades de uso
da tecnologia, hoje são utilizados de forma padrão na indústria as planilhas em
Excel e Sistemas Simples de Gestão Florestal (sistemas robustos de
armazenamento, processamento e monitoramento de dados); em gestões mais
sofisticadas, falamos no uso de BI – Business Intelligence (suporte
inteligente para análise dados e tomadas de decisão) e em BPM – Business
Process Management (sistemas com capacidade de análise e sistematização de
processos organizacionais); já quando consideramos uma Gestão de
Vanguarda, chegamos ao RPA – Robotics Process Automation (sistema com
capacidade de automatização de decisões rotineiras) e Inteligência
Artificial (sistemas com capacidade de tomadas de decisão complexas).
As novas tecnologias disponíveis aceleram e barateiam a
etapa de medição da análise do desempenho operacional do manejo florestal,
permitindo, inclusive, a coleta contínua de dados, por meio de plataformas
robustas de análise, com emprego sistemático do conhecimento técnico,
metodologia e ferramentas de análise (inteligência artificial). Ganha-se tempo,
que é o insumo mais caro em uma operação florestal.
* João Comério é Presidente do Conselho do Grupo
Innovatech, formado pelas empresas Innovatech Consultoria, Innovatech Gestão,
Filius Venture e Auctus Inteligência Aumentada; e Presidente do Comitê de
Inovação da ABAG. Comério é graduado pela Universidade Federal de Viçosa em MG,
com especialização em Princípios de Gestão na Columbia University, New York,
NY, EUA.