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A utilidade do Parque Nacional dos Campos Gerais

Imagem ilustrativa da imagem A utilidade do Parque Nacional dos Campos Gerais

Por Mário Sérgio de Melo

Ofício da deputada federal Aline Sleutjes (PSL) ao Ministério do Meio Ambiente solicita a revogação de decreto de 2006 que criou o Parque Nacional dos Campos Gerais. Esta notícia tem alvoroçado a mídia local, leva a crer que o parque seja um obstáculo que prejudica a região. A deputada argumenta que o parque foi decretado há muito tempo e demora demais para ser implementado e que os proprietários da área não têm recebido indenização pela imposta redução das atividades.  Justifica ainda que a área do parque já se encontra protegida, o que não é verdade.

O problema parece estar sendo abordado às avessas. Ao invés de solicitar a extinção do parque, a deputada e os ruralistas que ela representa deveriam estar empenhados em fazer com que o governo conseguisse as verbas necessárias e enfim implantasse o parque, com a devida indenização dos proprietários. Pedir a extinção do parque, numa comparação jocosa, seria como se uma família para quem empregadores deixaram de pagar os salários devidos, diante da fome do filho, resolvesse desfazer-se dele, ao invés de ir à luta para receber o que tem direito. A deputada poderia direcionar seus esforços para que as multas de crimes ambientais (como Brumadinho, Mariana, derrames de Petrobras e tantos outros) fossem de fato pagas, e destinadas para a implantação definitiva das unidades de conservação.

Qual a utilidade, do parque? Por qual motivo toda a população, a começar pelos ruralistas que querem extingui-lo, deveria empenhar-se em defendê-lo? Uma unidade de conservação, bem como as áreas de proteção permanente, têm a função de contribuir para manter as condições ambientais equilibradas, e assim garantir a vida. A proteção ambiental é uma prioridade mundial desde desastres acontecidos a partir da década de 1960, quando os países começaram a implantar políticas e legislação pertinente. Quem ainda não percebeu isso está mais de cinquenta anos atrasado. Ou ainda não superou a ganância cega do lucro rápido, e não a substituiu pela responsabilidade do cuidado com o interesse coletivo, com a vida no planeta.

As unidades de conservação e áreas de proteção permanente não são um capricho para deleite de ambientalistas sonhadores. Elas são prioridade em protocolos internacionais porque se aprendeu que é necessário que existam, entre áreas modificadas pelo ser humano (agrícolas, urbanas, silvicultura, etc.), áreas que propiciem os chamados serviços ambientais essenciais: equilíbrio no ciclo hidrológico, influenciando nos mananciais, no clima, nos solos; equilíbrio na biodiversidade, influenciando no controle de pragas agrícolas, de vetores patológicos (mosquitos da dengue, febre amarela, etc.), de agentes polinizadores (abelhas, besouros, vespas, etc.); preservação do patrimônio genético (fitoterápicos, fibras industriais, etc.); estoque de carbono no solo e na cobertura vegetal (efeito estufa); e outros. Estes serviços influem diretamente inclusive na economia.

Que o Ministério do Meio Ambiente comporte-se como tal, e alie-se à luta pela implantação definitiva do parque nacional, bem como outras demandas ambientais prioritárias. Caso contrário, mais pareceria tratar-se do Cemitério do Meio Ambiente.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, Professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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