Debates
Pedágio, a Justiça sempre vence
Da Redação | 07 de maio de 2019 - 02:53
Por Dilvo Grolli
Recentemente, o TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região) determinou reduções dos valores do pedágio nos lotes rodoviários
administrados pelas concessionárias caminhos do Paraná (redução de 25,7%) e
Viapar (19,02%). Os trechos que elas gerem, têm, respectivamente, praças de
pedágio nos seguintes municípios: Prudentópolis, Irati, Porto Amazonas,
Imbituva e Lapa (Caminhos do Paraná), e Corbélia, Campo Mourão, Floresta,
Presidente Castelo Branco, Marialva e Arapongas (Viapar).
A concessão do Anel de Integração no Estado do Paraná foi em
1997, no governo de Jaime Lerner, e se encerra em novembro de 2021. Na
iniciativa privada, o pedágio é uma forma de se ter rodovias em melhores
condições, com custo de manutenção reduzido e com execução de obras
necessárias, evitando assim acidentes e fazendo com que as rodovias tenham mais
segurança.
Há uma proposta de entendimento para que o governo federal
tenha a responsabilidade da licitação já que o Anel de Integração Rodoviário é
formado basicamente por rodovias federais. E também para que a licitação seja
transparente e com o maior número possível de empresas interessadas, inclusive
com a participação de empresas de cada região.
Em 1997, por falta de conhecimento da sociedade e de
divulgação, as licitações dos trechos despertaram pouco interesse e os
ganhadores das concessões foram grandes empreiteiras e empresas estrangeiras
que estabeleceram no estado do Paraná o pedágio com o valor mais elevado do
Brasil.
O maior impacto do pedágio do Anel de Integração foi para o
Oeste do Paraná, pois somos a região mais distante do Porto de Paranaguá. O
custo maior da tarifa para a região foi de R$ 1 bilhão, atingindo em cheio os
produtores rurais que necessitam de rodovias para o transporte da produção.
Poucas pessoas e entidades manifestaram repúdio ao absurdo valor do pedágio,
entre as quais a Fiep (Federação das Indústrias Estado do Paraná) e a Ocepar
(Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). E também a Assembleia Legislativa
do Paraná por ter aprovado um dispositivo que obriga que qualquer mudança sobre
as concessões, inclusive renovação, tenha a anuência da Casa.
A Ocepar foi representada na maioria das vezes pelo
presidente da Coopavel, que participou de mais de dez audiências públicas. Além
de representar a Ocepar, ele também representava a Coopavel e os produtores
rurais de várias cidades da região. No Oeste do Paraná, Caciopar, Acic, Acamop
e POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) também participaram ativa e
corajosamente contra a exploração econômica de toda a sociedade pelo elevado
valor praticado nas praças de pedágio, principalmente pelas concessionárias Ecocataratas
e Viapar.
O MPF (Ministério Público Federal) em análise a várias
denúncias e estudos que alertavam e comprovavam irregularidades, abriu
inquéritos que culminaram inclusive com prisões de pessoas do governo e das
concessionárias. Essa foi a prova maior da exploração da sociedade e dos
produtores rurais, esses os mais afetados, pelas concessionárias do Anel de
Integração.
Além da redução do valor do pedágio, os processos que estão
trâmite na Justiça fizeram com que algumas concessionárias buscassem acordos de
leniência. Os valores alcançados nos acordos dessas duas concessionárias já
ultrapassam a casa de R$ 1,25 bilhão, e há possibilidade de se chegar a mais de
R$ 2,5 bilhões.
O pedágio é a melhor forma e a mais empregada no mundo para
que se ter rodovias seguras, mas sem a exploração da sociedade. Agora, com o
fim dos atuais contratos, os governos estadual e federal vão realizar novas
licitações com transparência e com a participação de toda a sociedade. E a
expectativa é que essas licitações garantam grandes benefícios socioeconômicos
para a sociedade.
Busca-se um processo sem corrupção e com fiscalização
estratégica e operacional em que todas as partes sejam devidamente respeitadas.
É grande também a expectativa para que as parcerias público-privadas sejam
ampliadas no estado do Paraná para as ferrovias, aeroportos e portos. E
esperamos que esse seja o melhor caminho para uma economia mais forte para o
agronegócio e para toda a sociedade paranaense.
Dilvo Grolli é presidente da Coopavel