Debates
O Mais Médicos não é a solução!
Da Redação | 23 de novembro de 2018 - 01:30
Por Dr. Magno Zanellato
Ao contrário do que possa parecer óbvio, a manutenção do
programa 'Mais Médicos' não é a solução para a situação da saúde brasileira. O
tema tem pautado o debate público desde que o governo cubano (por atitude
própria) decidiu abandonar o programa - a decisão foi uma reação às declarações
do presidente eleito Jair Messias Bolsonaro (PSL) com as quais concordo. A
situação deveria nos fazer olhar em outro sentido: a necessidade de uma
política para interiorizar o atendimento médico brasileiro.
O governo petista de Dilma Rousseff optou por trazer
profissionais estrangeiros para realizar o atendimento de saúde, deixando de
lado a necessidade evidente de uma política de cargos e carreiras para
interiorizar a atuação dos médicos brasileiros. Com o crescimento do número de
cursos de Medicina no Brasil, não me parece uma opção viável trazer
profissionais estrangeiros para atuar no mercado brasileiro.
Defendo a opção de Bolsonaro no que diz respeito à
manutenção da Ditadura cubana: cerca de 70% do salário dos médicos cubanos,
pago pelo Governo brasileiro, vai direto para a Ditadura Comunista e não fica
com os profissionais ou suas famílias. Além disso, a atuação de profissionais
que não passam pelo processo de Revalidação de Diploma (Revalida) é uma afronta
contra a Medicina brasileira.
O próprio avanço na criação de cursos de Medicina no Brasil
e também em residências, principalmente em Saúde da Família, mostra que o país
tem uma solução caseira e mais adequada para o problema. Desde que o Mais
Médicos foi iniciado, em 2013, inúmeras turmas de Medicina se formaram e a
substituição de médicos cubanos por brasileiros deveria estar ocorrendo desde
então.
Se observarmos o caso de Ponta Grossa, uma das cidades com
maior número proporcional de médicos cubanos, vemos que existem outras opções.
Por exemplo: a primeira turma de Médicos formada pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG), desde a reabertura do curso, colou grau em 2013. Desde
então, a Universidade tem colocado no mercado anualmente médicos e médicas que
procuram postos de trabalho e espaço para atuarem.
Creio que a saída deve ser técnica e não política ou
ideológica. O Governo Federal deve avançar na formulação de políticas públicas
que deem condições de trabalho aos médicos brasileiros, ao mesmo tempo que siga
fortalecendo o ensino e a formação de novos médicos e médicas. Além disso, por
uma questão de segurança, os médicos estrangeiros devem passar, necessariamente,
pela revalidação do diploma.
A medicina e a saúde dos cidadãos é coisa séria e deve ser
encarada desta forma! Os médicos estrangeiros devem sim passar por testes que
avaliem seu domínio da língua portuguesa - fato fundamental na comunicação
entre paciente e médico. Esse é um processo fundamental no momento de
realização de um diagnóstico, por exemplo, ou no momento de prescrição de
determinado medicamento.
Antes de observar o aspecto de forma política ou ideológica, devemos olhar a Medicina brasileira de forma técnica. O que falta não são médicos brasileiros, mas sim condições e oportunidades adequadas de trabalho! Defendo a posição do presidente eleito: contra a Ditadura cubana e a favor da Medicina brasileira!
Magno Zanellato é médico e vereador em Ponta Grossa