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Eleição na Universidade

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Por Mário Sérgio de Melo

Momento de eleição, momento de repensar a missão da Universidade pública. Dizer que seja ensino, pesquisa e extensão é estacionar na mesmice burocrática de quem não tem verdadeira compreensão do alcance do papel das instituições de ensino superior públicas. Na Universidade são formados professores, técnicos, os profissionais que dão continuidade à formação e ao aperfeiçoamento dos futuros profissionais. Os cidadãos, os homens (e, felizmente cada vez mais, as mulheres) públicos, os futuros administradores e tomadores de decisões que afetam toda a sociedade.

Historicamente, a Universidade tem sido a instituição onde se produz e onde se transmite todo o conhecimento essencial para o progresso da sociedade, pelo ponto de vista de quem a financia. Progresso não só tecnológico, mas sobretudo social, filosófico, moral, cultural... A Universidade pública tem, então, em tese, de priorizar o interesse de quem a financia: o público, o coletivo, visto que todos contribuem para seu custeio. 

As pressões para a privatização da Universidade são fortes: toda a estrutura construída com o esforço público passaria a interesses privados. Além do imenso negócio da formação superior cair nas mãos de quem prioriza o lucro, esta formação poderia então ser direcionada para os interesses dos negociantes.

Nos dias 15 e 17 de maio realiza-se a eleição para reitor e vice-reitor da UEPG. A UEPG é importante? Lamentável que ainda muitos neguem ou não enxerguem essa importância. Por sua antiguidade, tradição, alcance regional, multiplicidade de cursos e atividades, infraestrutura, a UEPG tem um potencial inquestionável. Acentuado pela singularidade da região e da cidade de Ponta Grossa. E qual a importância de sua direção, personificada antes de tudo pelo reitor e vice-reitor? Capital. São eles que definem a forma de preenchimento dos muitos cargos de confiança que vão administrar e determinar os rumos da instituição.

E atualmente quais deveriam ser estes rumos? Uma espiada na situação mundial e nacional pode nos dar algumas pistas. Vivemos uma época de retrocesso. Direitos humanos, conquistas trabalhistas, probidade, liberdade de expressão, inclusão social, respeito às minorias, igualdade de direitos, paz, soberania de povos e nações têm sido ameaçados e violentados em todo o mundo. E não é diferente no Brasil, onde os três poderes encontram-se em grave crise. Profundas distorções permitem que a insegurança e o medo intencionalmente disseminados sejam transformados em ressentimentos e ódios que só visam desarticular as forças sociais e facilitar a perpetuação de estruturas de dominação herdadas de séculos de escravatura. Insidiosa manipulação substitui o sentir e o refletir por reflexos condicionados, controla a opinião e constrói consensos avessos ao interesse coletivo.

A Universidade antes de mais nada tem de manter-se pública, e gratuita. Sua direção deve ter compromisso com o interesse da sociedade como um todo, não de corporações, ideologias e muito menos associações e sociedades secretas. E a sociedade é diversidade, é conflito. A Universidade tem de buscar condições de dialogar, de buscar e reconhecer consensos que signifiquem prosperidade da maioria. Para tanto é preciso que seja capaz de discernir, de analisar, de criticar, de autocriticar-se.

Que a comunidade universitária saiba escolher seus futuros dirigentes. Que estes tenham grandeza moral à altura do papel da instituição, que deve zelar pela capacidade de pensar e de fazer as escolhas mais adequadas para o aperfeiçoamento de nossa conflituosa sociedade.

Mário Sérgio de Melo é Professor do Departamento de Geociências da UEPG

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