Debates
Sétimo mandamento
Da Redação | 27 de abril de 2018 - 02:19
Por Jacó Carlos Diel
Era uma pergunta que eu vinha me fazendo, a
mim e a vários padres e amigos há mais de trinta anos, desde que me formei em
filosofia, nos idos de 1.984, na primeira turma da UNIOESTE, campus de Toledo,
cujo reitor na época era o então bispo da cidade e atualmente cardeal e
arcebispo emérito da Arquidiocese de Salvador, BA, antigo primaz do Brasil e
que teve papel de destaque na criação da Pastoral da Criança no Brasil, junto
com a saudosa médica Zilda Arns, Dom Geraldo Magella Agnelo. E ontem, sábado,
02/12/2.017, na missa de crisma de 64 jovens e alguns adultos, das 19,00 horas,
da igreja matriz de Nossa Senhora da Saúde, na Vila Estrela, em Ponta Grossa, eu
e toda a comunidade presente ouvimos na voz inconfundível de Dom Sérgio Arthur
Braschi, bispo da diocese de Ponta Grossa, a primeira resposta concreta sobre a
minha tom perseguida pergunta de mais de trinta anos: porque a igreja de modo
geral e especificamente os presbíteros não falam abertamente sobre o sétimo
mandamento – não roubar -, já que é este um dos grandes pecados da moda atual?
Iniciando a sua homilia, disse o bispo: “Alguém
viu a última notícia que deve sair amanhã no Diário dos Campos? É que querem
‘doar’ para a Sanepar todo um patrimônio hídrico formado pela estrutura de
encanamentos, máquinas e equipamentos, várias caixas e reservatórios de água, como
o do Botuquara e Alagados, por mais trinta anos, renováveis por outros trinta
anos. É necessário que o cristão leigo se posicione a respeito das ações da
comunidade e assim seja mais que luz, seja também sal da terra, conforme as
escrituras”. E aí veio a resposta da minha tão repetida pergunta, quando
perguntou para a plateia: “Tem algum vereador aqui presente? Se tem, é preciso
que não se venda, recebendo propina e represente a comunidade como o cristão
deve se portar, inclusive denunciando o que é injusto e espúrio aos olhos do
verdadeiro filho de Deus”. Se o vereador se vender e receber propina para
entregar o que a corporação, que em geral é corporação do mal, que nada mais é
do que roubar os valores da merenda escolar, da saúde das crianças, gestantes e
velhos, nada mias é do que roubar a ideia de segurança que já não temos mais, é
roubar os remédios e os sonhos dos pobres que nunca consegue os comprar e é
roubar a aposentadoria de quem trabalhou a vida inteira, para nos seus últimos
dias de vida receber a notícia de que o seu benefício fora negado, se torna no
mínimo participe do sistema criminoso. É do sétimo mandamento que estamos
falando – não roubar -, e que precisamos aprofundar e discutir também em todas
as igrejas com a devida importância que o tema requer, agora com a direção e a
bênção de Dom Sérgio.
Durante todo esse tempo de mais de trinta
anos, consegui perceber que a escalada da corrupção e da roubalheira só
aumentou, a ponto de se ter hoje a quase triste certeza de que mais da metade
de toda a população é formada por corruptos e ladrões, se tornando a regra e
não a exceção. Se assim não fosse, não teríamos tantos implicados da maioria
dos poderes da República nas operações em andamento, especialmente na Lava
Jato, onde já são mais de uma centena de sentenciados, além da operação
quadro-negro, aqui no Paraná.
Outro assunto talvez não menos importante
para o qual Dom Sérgio chamou a atenção dos presentes, é a tão propalada
ideologia de gênero. Acontece que há um movimente para introduzir a matéria no
currículo das escolas municipais, que fará uma audiência pública no próximo
sábado, dia 09/12/2.017, as 14,00 hora na Câmara Municipal, para a qual o bispo
chamou a comunidade a participar da discussão. Com relação a este tema disse
que tivera uma reunião com o Conselho das Igrejas Cristãs, onde participaram
vários pastores de diferentes igrejas evangélicas e que um desses pastores
pontuou com profundidade a questão o comprometimento do verdadeiro cristão nas
tarefas reservadas ao laicato, já que começamos no domingo passado o ano do
Laicato, instituído pela igreja católica. O ponto principal abordado pelo dito
pastor teria sido a análise de que “somos muita luz, mas pouco sal na terra“. A
luz, segundo ele, seriam os muitos meios de comunicação na evangelização e o
sal, ficaria por conta da discussão e aprofundamento do cristão nos assuntos
que dizem respeito a si e a toda a comunidade, visando sempre o crescimento de
acordo com o que preceitua a bíblia e que estaria muito aquém do imaginável
para uma comunidade participativa.
*O autor é licenciado em Filosofia Lato
Sensu e Bacharel em Direito.