Debates
Os gastos com diárias na Câmara de Ponta Grossa e a ideologia de gênero
Da Redação | 30 de janeiro de 2018 - 02:56
Por Henrique Simão Pontes
No dia 28 de janeiro de 2018, foi publicada uma matéria no
portal Arede denominada “Gastos com diárias sobem 77% na Câmara de PG”. A
matéria traz que o orçamento legislativo destinado ao custeio de viagens de
vereadores e funcionários da Câmara, no ano de 2017, foi de R$ 64 mil, quase o
dobro do montante usado no ano de 2016, R$ 36 mil.
Pode até parecer irrisório estes valores, mas no atual
momento, em que os nossos políticos atribuem o problema do Brasil a uma crise
financeira, onde a classe trabalhadora está tendo seus direitos surrupiados
para resolver o “problema” nacional, nossos parlamentares deveriam se
envergonhar e parar de gastar dinheiro público.
O pior é que agora nossos vereadores podem usar este
dinheiro público sem prestar contas do que fez! Antes de 2015, a Resolução
358/2014 previa que os vereadores deveriam realizar um relatório completo de
prestação de contas, incluindo as notas fiscais dos gastos. Porém esta resolução
foi alterada e hoje os parlamentares não mais precisam prestar contas
detalhadas.
Mas o que tem haver a ideologia de gênero com os gastos com
diárias na Câmara de Ponta Grossa?
Em 2015, quando a sociedade ocupou as galerias da Câmara
para gritar contra a ideologia de gênero, quando a mídia focou suas câmeras e
holofotes nesta discussão, quando tudo o que mais importava era retirar,
excluir e exterminar a ideologia de gênero no plano municipal de educação, os
nossos vereadores incluíram na pauta do mesmo dia, sorrateiramente, a mudança
na Resolução 358/2014.
Ao final da sessão, após toda a população ir embora (que sem
exageros, parecia ser mais de 300 pessoas), foi quando os vereadores votaram e
aprovaram, com a casa de leis vazia, a mudança na referida resolução, passando
a não mais exigir dos parlamentares a prestação de contas completa, com
apresentação de notas fiscais.
E agora meus caros, o que está acontecendo? Os nossos
vereadores usam a vontade nosso dinheiro, sem nem nos informar com o que gastaram.
Absurdo, quem que, quando recebe uma diária oriunda de dinheiro público, deixa
de prestar contas? Eu como estudante, quando uso dinheiro público para
participar de um evento, por exemplo, sou reembolsado, e só após apresentar
nota fiscal eletrônica!
Mas nossos vereadores podem usar nosso dinheiro a vontade,
sem nos dar satisfação (e não nos importa discurso em tribuna! Será que nem
para fazer um relatório de viagem, formal e completo, com os documentos
necessários anexados eles são capazes?). Eles, ao menos, estão fazendo estas
prestações de contas tão branda e facilitada com a mudança da resolução em
2015?
A, mas não importa, a ideologia de gênero foi vencida!
Henrique Simão Pontes é Geógrafo e doutorando em Geologia
pela UFPR