Debates
O Brasil caminha para a educação integral
Da Redação | 26 de janeiro de 2018 - 03:53
Por Izabella Milléo Bini
Em países que hoje são modelo em educação, como a Finlândia,
Irlanda, Coreia do Sul e Chile, os estudantes passam o dia todo na escola - em
média, nove horas. O Brasil caminha lentamente nessa mesma direção que visa,
por meio da educação, acelerar o desenvolvimento do país. Nos últimos anos, um
movimento em busca da educação integral vem ganhando força nas redes públicas
por meio de programas estaduais de estímulo à ampliação da jornada. O programa
Mais Educação, do governo federal, prevê inclusive acréscimo de repasses para a
implantação de uma jornada mínima de sete horas. De acordo com o Censo Escolar,
em 2014 havia 4,37 milhões de matrículas no ensino fundamental em tempo
integral, o que corresponde a 15,3% do total. Para atingir a meta do Plano
Nacional de Educação, será necessário garantir nos 10 anos de validade do
plano, até 2024, mais 24,09 milhões de matrículas. Ou seja, mais 2,409 milhões
de matrículas por ano.
Os benefícios do ensino integral são muito maiores que as
desvantagens. Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira revela que mais tempo na escola pode garantir
melhor aproveitamento nas disciplinas regulares: a cada hora adicional de
estudo, o desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica
aumenta 2,5 pontos percentuais, em uma escala que vai de 0 a 500. A chance de
melhora no rendimento aumenta porque o estudante está o tempo todo em contato
com os livros. Ao se habituar a essa rotina, facilita também o aprendizado em
sala de aula, pois quando as dúvidas surgem, a escola oferece profissionais
especializados para saná-las naquele momento, sem que o estudante precise
esperar pelo retorno à escola no dia seguinte.
Além disso, a rotina de crianças e adolescentes que estudam
apenas meio período pode ser sufocante para pais e mães que trabalham fora o
dia inteiro e acabam tendo que se desdobrar para levar os filhos em todas as
atividades necessárias para o seu desenvolvimento. Com o mercado exigindo dos
pais dedicação total ao expediente de trabalho, o ensino integral surgiu como
alternativa para que os filhos permaneçam em ambiente seguro e aproveitem a
maior parte do tempo em atividades que estimulam o desenvolvimento educacional
e cultural.
Os pais também ganham um aliado no monitoramento dos estudos
e na correta administração do tempo ocioso dos filhos. Os alunos não ficam
apenas à mercê de atividades sem direcionamento, como televisão, vídeo game e
conversas pelo celular. O tempo de permanência prolongado obriga ainda a um
planejamento voltado para a alimentação, com um cardápio criado por
profissionais da área de nutrição, responsáveis por elaborar uma dieta
saudável e equilibrada. Para quem estuda em período integral, a volta para casa
representa para pais e filhos novos cenários de vida familiar. Com os estudos e
outras atividades concluídas durante a manhã e a tarde, ganha-se mais
tempo para estimular a qualidade de convivência entre todos da família, com pais
e filhos podendo planejar da melhor forma possível suas horas em comum.
Izabella Milléo Bini é gestora do Ensino Médio do Colégio
Positivo - Ângelo Sampaio, de Curitiba (PR).