Cotidiano
Gravidez na quarentena: pré-natal pode ser feito em casa
Estudo aponta que 7 milhões de gravidezes não planejadas possam surgir durante isolamento social realização de pré-natal em casa reduz exposição da mãe e possibilita um melhor estado emocional
Da Redação | 01 de dezembro de 2020 - 01:20
Estudo aponta que 7 milhões de gravidezes não planejadas
possam surgir durante isolamento social realização de pré-natal em casa reduz
exposição da mãe e possibilita um melhor estado emocional
Enquanto o número de casos confirmados do novo coronavírus
cresce a cada dia, outro dado também tende a aumentar: a quantidade de
gestações. A falta de acesso a métodos contraceptivos por conta da pandemia —
que pode afetar cerca de 47 milhões de mulheres no mundo — poderá ocasionar em
7 milhões de gravidezes não planejadas, de acordo com o Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA). Nesse contexto, o isolamento social pode contribuir para
um novo “baby boom”.
É preciso repensar alguns cuidados durante a gestação, uma
vez que, com a pandemia, é importante ter mais cautela. “As orientações comuns
de evitar sair de casa, cuidar com a higiene das mãos e superfícies permanecem
as mesmas”, afirma Aline Pasiani, coordenadora médica da Lar e Saúde, uma das
maiores prestadoras de serviço home care do Brasil. “Por outro lado, vale
reforçar que, mesmo com as medidas de isolamento, é primordial realizar o
pré-natal normalmente”.
Mais segurança e menos exposição a riscos
Nestes casos, para as mulheres que se sintam mais seguras, a
realização da consulta médica, assim como realização de exames laboratoriais de
rotina, pode ser feita em casa. “É possível fazer a consulta de pré-natal
tranquilamente. Assim, evitamos a exposição a riscos desnecessários, deslocando
a mãe apenas para exames mais específicos de imagem e também para o momento do
parto”, afirma Pasiani.
De acordo com a especialista, além de transmitir mais
segurança para a mulher, a realização do pré-natal em casa pode proporcionar
mais conforto, comodidade e participação da família nesse momento, sobretudo
durante a pandemia. “O estado emocional da mãe faz toda a diferença uma vez que
o corpo libera hormônios (de estresse, mas de amor também) e isso interfere no
bebê. É algo único para a mulher e, por isso, além da parte médica, é preciso
curtir o momento e se inteirar desse novo mundo. Se o fato dela estar em casa
proporcionar mais praticidade, tranquilidade ou acolhimento, certamente será
benéfico para ambos”.
Além disso, o cuidado com mãe e bebê em casa também acontece
após o nascimento. “O ideal é que a primeira visita médica ocorra nos primeiros
10 dias e fazer isso em casa é muito viável. A equipe médica, junto com a
equipe de enfermagem podem ensinar a mãe a como dar banho, a pega para a
amamentação e outras orientações e avaliações médicas iniciais. Estar em casa
ajuda a mãe a ter mais confiança no período inicial com o filho”, afirma
Pasiani.
Dentre as demais recomendações para o período da gravidez
ainda estão a manutenção de uma alimentação balanceada – que beneficia mãe e
bebê –, a não ingestão de alimentos crus, a realização periódica de exames
gestacionais (para identificação de infecções virais e bacterianas), e a
ingestão de líquidos.
Acompanhamento multidisciplinar
Pasiani ainda explica que, caso seja necessário, também é
possível realizar o acompanhamento com outros especialistas em casa. “Caso a
mãe tenha alguma doença de base, uma gestação de risco ou precise de um
acompanhamento nutricional e com outros especialistas, podemos indicar ou
ajustar o acompanhamento, conforme a necessidade”.
A fisioterapia pode ajudar muito nesse período, com
exercícios pensados para a fase da gestação que contribuem para alívio de
dores, prevenção de lesões, melhora na circulação sanguínea, diminuição de
edemas nos membros inferiores e até mesmo para um crescimento mais saudável do
feto e um melhor preparo para o parto.
“Durante a gestação é comum em alguns casos ocorrer
enfraquecimento de alguns músculos, responsáveis pela sustentação de órgãos
como bexiga, útero e intestino. Exercícios feitos da forma correta fortalecem
esses músculos e minimizam complicações como a incontinência urinaria após o
parto, por exemplo. Por isso é importante que algumas atividades sejam feitas
para prevenir esse tipo de complicação e também para que estes músculos estejam
preparados para o momento de trabalho de parto.”, afirma Priscila Neves,
fisioterapeuta supervisora da equipe multidisciplinar da Lar e saúde.
A especialista ainda ressalta que é preciso uma autorização médica e acompanhamento profissional para a prática dos exercícios durante a gestação. “É importante ter o auxílio de um fisioterapeuta para orientar quanto a postura e agregar com outros recursos que podem ser levados até a residência. Além disso, é possível realizar drenagem linfática nos casos em que a gestante apresenta retenção de líquido, uma vez que ajudam no relaxamento, na diminuição da tensão muscular e aumentam circulação”.
O acompanhamento nutricional também é fundamental para o
período de gravidez e, da mesma forma, pode ser realizado em casa. “A gestação
é o momento de maior demanda nutricional na vida da mulher. Os processos que
ocorrem no organismo demandam mais energia para suprir as necessidades básicas
da mãe e do bebê”, afirma Hiana Lampier Pinto, supervisora de nutrição da Lar e
Saúde.