Cotidiano
Exame pós morte confirma covid-19 e velório é suspenso em PG
Atestado de óbito indicava morte por pneumonia, mas material coletado comprovou que paciente também estava contaminado pela covid-19
Da Redação | 21 de agosto de 2020 - 11:00
Atestado de óbito
indicava morte por pneumonia, mas material coletado comprovou que paciente
também estava contaminado pela covid-19
Mais uma vez, um velório precisou ser interrompido e
suspenso depois que o exame pós-morte confirmou que o falecido tinha sido
contaminado com o novo coronavírus. O caso foi registrado em Ponta Grossa nesta
quarta-feira (19) e causou grande repercussão nas redes sociais. O Hospital
Universitário Regional dos Campos Gerais (HU-UEPG), onde o paciente morreu,
emitiu nota sobre o caso de esclarecimento.
O homem de 45 anos estava internado no HU-UEPG desde o dia
10 de agosto depois de se consultar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele
morreu nesta quarta e, em seu atestado de óbito, constava ‘pneumonia’ como
causa da morte. De acordo com o HU-UEPG, não havia sinais de infecção pelo
coronavírus, mas ainda assim foi realizada a coleta de material para realização
do teste PCR, conforme determina o protocolo.
O resultado do exame foi divulgado enquanto a família já
estava numa capela da cidade realizando o velório da vítima. Equipes do governo
municipal estiveram no local e explicaram a situação para todos os presentes,
que concordaram em lacrar o caixão e suspender a cerimônia.
Apuração das responsabilidades
O HU-UEPG emitiu nota alegando que o paciente já tinha testado positivo no dia 13 a partir de material coletado na UPA, mas a informação não tinha sido repassada ao hospital. No comunicado, que aparece em destaque logo abaixo, a unidade hospitalar “reitera que segue todos os protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde” e se solidariza com o sofrimento de amigos e familiares do homem.
Por outro lado, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) se manifestou sobre o caso, que entrou no relatório municipal como o 31º óbito provocado pela covid-19 em Ponta Grossa. O governo municipal informou que o resultado do exame constava no sistema oficial do Laboratório Central do Estado (Lacen) e que a informação estava à disposição da equipe do HU-UEPG. A Prefeitura destacou também que, após a constatação de que estaria ocorrendo o velório, o caixão foi fechado e a área foi isolada. “A FMS ressalta que todas as pessoas que tiveram presentes no velório entraram no monitoramento do município. Informamos que todo o local receberá desinfecção no dia de hoje (20)”.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa, por meio de seu
Hospital Universitário, informa que em
10 de agosto recebeu solicitação de vaga para paciente de 45 anos em
atendimento na UPA, onde foi realizado teste rápido para coronavírus, que
resultou negativo.
Após transferência e internamento no HU, a tomografia
pulmonar não apresentou comprometimento característico de Covid19. Com o óbito
ocorrido ontem (19), após a liberação do corpo, quando a família já realizava o
velório, a equipe do HU-UEPG foi informada que, em 10 de agosto, a UPA coletou
material para exame PCR. No dia 13, o teste resultou positivo para a
coronavírus. O HU-UEPG ressalta que estas condições, coleta de exames e
resultado positivo, não foram comunicadas ao HU-UEPG, antes ou durante o
internamento.
A instituição, que desde o início da pandemia é referência
no atendimento impecável e responsável de pacientes Covid-19 encaminhados por
12 municípios da Região dos Campos Gerais, reitera que segue todos os
protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde. A direção do Hospital,
equipes e toda a comunidade universitária estão consternadas pelo falecimento
do paciente e pela falta de informação, que expôs, infelizmente, familiares, contactantes
e possivelmente a equipe que prestou atendimento.
Veja abaixo a íntegra da nota da FMS
O paciente deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) Santa Paula no dia 10 de agosto e foi tratado como paciente suspeito
desde o início. O estabelecimento solicitou transferência através da Central de
Leitos, regulação do Estado. O mesmo, por fechar quadro clínico para a
COVID-19, realizou testagem rápida, com resultado negativo e testagem de
RT-PCR.
Após coleta do exame, o paciente foi transferido para o
Hospital Universitário com a devida informação/observação, dentro do sistema do
Estado – Solicitação de leito -, de ‘PACIENTE SUSPEITO DE COVID-19’, o que veio
a se confirmar no dia 13/08 com o resultado do exame RT-PCR, informado no
sistema oficial do Laboratório Central do Estado do Paraná– Gerenciador de
Ambiente Laboratorial (GAL), o qual os estabelecimentos de saúde credenciados
têm acesso. O procedimento adotado pelo Hospital deve ser verificado com o
estabelecimento.
O paciente entrou em óbito na estrutura, a qual é
responsável por emitir a declaração de óbito. O documento emitido não constou
paciente positivo para COVID-19, sendo assim foi liberado para velório. Após
constatação pelo município, através de cruzamento de dados, que se tratava de
paciente com RT-PCR confirmado, a FMS entrou em contato com a família tomando
as providências possíveis diante da situação.
Pelo fato de já não ser possível realizar sepultamento
naquele período, fechou-se o caixão e restringiu-se a área, isolando o local de
acesso de pessoas. A FMS ressalta que todas as pessoas que tiveram presentes no
velório entraram no monitoramento do município. Informamos que todo o local
receberá desinfecção no dia de hoje (20).
Prefeito se pronuncia sobre polêmica
Em seu programa de rádio na manhã desta quinta-feira (20), o
prefeito Marcelo Rangel (PSDB) relatou o caso e destacou que o maior risco de
contágio não está necessariamente no falecido, mas sim no contato entre as
outras pessoas que frequentam a cerimônia. “A pessoa que está sendo velada não
respira, não tem o contato direto com ninguém, exceto quem está ali naquele
momento mais triste, chegando próximo ao falecido”, disse o gestor municipal.
Rangel também comentou que, na sua opinião, o velório deveria ter maior flexibilização para que a família tenha oportunidade de dar adeus ao ente querido. “Essa doença é a mais terrível justamente pelo fato de não poder se despedir de um pai, avô ou um filho, a pessoa é ensacada, lacrada e vai direto para o fundo da terra”, relatou o chefe do Executivo. Ele também afirmou que está “pensando em fazer novo protocolo” de orientações para esse tipo de cerimônia.
De acordo com o prefeito, não haveria problemas se as
pessoas que frequentam o velório se protegerem com máscaras e evitarem abraços,
além de deixar o caixão fechado. “Você está exposto ao vírus com as pessoas
vivas, a pessoa que está conversando com você é mais perigosa do que aquela que
já não está mais entre nós”, voltou a afirmar o gestor.