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Cursos preparam bombeiros do Paraná para situações extremas

Corporação oferece a seus profissionais formação para atuar em águas profundas, locais remotos ou montanhas Corporação oferece a seus profissionais formação para atuar em águas profundas, locais remotos ou montanhas

Objetivo é prepará-los para agir de forma rápida e eficiente em situações muito além do combate a incêndios
Objetivo é prepará-los para agir de forma rápida e eficiente em situações muito além do combate a incêndios -

Corporação oferece a seus profissionais formação para atuar em águas profundas, locais remotos ou montanhas

Uma busca que exige mergulhos em locais profundos, salvamento em áreas remotas ou em montanhas, resgate a pessoas soterradas. Estes são alguns exemplos de situações extremas que exigem uma atuação especializada do Corpo de Bombeiros. No Paraná, os profissionais passam por treinamentos especiais que os preparam para agir de forma rápida e eficiente sempre que precisam atender situações complexas, muito além do combate a incêndios.

Foi o que aconteceu no início do ano, quando uma equipe do Corpo de Bombeiros do Paraná foi destacada para ajudar nas buscas de vítimas da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. Além de peritos e profissionais da Defesa Civil, a equipe também contou militares com formação no curso de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas (BREC).

Este é um exemplo de formação específica dos bombeiros paranaenses. A capitã Rafaela Diotalevi, chefe da comunicação social da corporação, explica que as instruções de nivelamento são constantes e feitas por toda a tropa para aperfeiçoar o atendimento do dia a dia.

“Já os cursos especiais são oferecidos esporadicamente e abertos para participação de bombeiros de todo o Estado, que passam por um concurso interno para fazer a formação”, explica Rafaela. De acordo com ela, a especialização também é critério para avanço na carreira.

Dedicação Exclusiva

Cada curso desses exige estrutura específica, ambientes variados e dedicação exclusiva do bombeiro durante o período de formação, que podem durar de duas semanas até quatro meses ininterruptos. Além do BREC, o Corpo de Bombeiros do Paraná já ofereceu especializações de Mergulhador Autônomo; Socorro em Regiões de Montanha e Áreas Remotas; e de Negociador, e estuda oferecer também uma especialização para Operações com Cães.

O major Daniel Lorenzetto, comandante do Grupo de Operações de Socorro Tático do Corpo de Bombeiros (GOST) e um dos instrutores dos cursos, explica que todas as ocorrências dos Bombeiros demandam algum tipo de especialização. “A gente atua em ambientes de difícil acesso, com riscos elevados para o operador. Por isso é importante capacitar o efetivo para que ele não entre em uma situação para a qual não tenha um conhecimento prévio, para que ele não se torne mais uma vítima ou não seja eficiente no salvamento”, afirma.

Escolas

Para ampliar ainda mais as qualificações, a Corporação está construindo uma Escola de Bombeiros, localizada na Academia Policial Militar do Guatupê, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana Curitiba. O local terá estruturas adequadas para abrigar as diferentes formações oferecidas pelo Corpo de Bombeiros. Enquanto isso, os cursos especiais continuam preparando os profissionais para atuar quando necessário.

Confira os cursos e as situações em que podem ser aplicados

Mergulhador Autônomo

Uma prova de crime que é jogada em um lago profundo ou um acidente com vítimas em uma represa. O curso de Mergulhador Autônomo capacita os profissionais a fazerem operações de busca aquática, principalmente em locais de grande profundidade.

O Corpo de Bombeiros já formou cinco turmas de operadores nesta modalidade, com duração de cerca de dois meses. Por ser uma atividade de alto risco e difícil de ser operacionalizada, esse tipo de operação exige um nível profissional bem elevado. O militar precisa se adaptar ao meio líquido e ter boa capacidade fisiológica, sendo que todo o conhecimento é necessário para atuar de forma segura e o mais rápido possível.

O treinamento é feito em diferentes fases e ambientes e percorre todas as regiões do Paraná. Os alunos também são enviados para o litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro para simulações em navios naufragados, incluindo o que pertence ao Grupamento de Mergulhadores de Combate da Marinha Brasileira.

Em Ação

Formado no curso, o capitão Murillo Rotondo foi um dos bombeiros destacados para atender a uma ocorrência na represa do Capivari, em Campina Grande do Sul. Em 2014, um barco com seis pessoas afundou no lago de madrugada.

“Nossa primeira intervenção foi traçar ações efetivas e seguras de trabalho. Logo no início da manhã, três vítimas foram localizadas com vida”, conta. “A partir daí, o objetivo foi localizar a posição exata onde a embarcação afundou, para então realizarmos a técnica de busca circular, um dos procedimentos da busca aquática”, explica.

De acordo com ele, as buscas permaneceram por mais quatro dias. “No final da tarde do quarto dia, conseguimos encontrar o último corpo em uma profundidade de 26 metros. É uma situação bem complexa e de alto risco devido as condições do local como profundidade e a falta de visibilidade. Por isso, as técnicas de mergulho são essenciais para ocorrências deste tipo”, afirma o capitão.

Buscas e resgate em estruturas colapsadas

Na edição de julho da revista National Geographic, as fotos de uma reportagem sobre o desastre de Brumadinho mostram os bombeiros paranaenses que apoiaram as equipes mineiras nas buscas por vítimas. A situação exigiu bastante dos profissionais, que foram preparados no curso de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas, a mais recente oferecida pela corporação.

O objetivo do treinamento é preparar os bombeiros para operações de busca e resgate em desmoronamentos e deslizamentos, onde procuram por vítimas superficiais, parcialmente soterradas ou soterradas. Com o auxílio de cães, equipamentos e maquinários, os bombeiros são preparados para tirar os entulhos e fazer a remoção da vítima da maneira mais segura possível, com o cuidado de também garantir a segurança da equipe.

“Quando há o colapso em algum prédio com pessoas dentro, procuramos pelos espaços vitais isolados entre os escombros para identificar se tem alguma pessoa nessa área. Remover os escombros com uma retroescavadeira seria mais fácil, mas o risco de tudo cair nessa vítima é muito grande”, explica o major Daniel.

Além do acesso, é feito também um escoramento com madeira, que exigem conhecimentos sobre cortes, cálculo da posição e o peso que o escoramento aguenta. Também são construídas as chamadas células de vida. Caso dê um problema, como um segundo colapso, os profissionais correm até este local para se proteger.

Todo o trabalho de remoção é feito manualmente, com marteletes e ferramentas pneumáticas para quebrar as paredes e lages até chegar no acesso, o escoramento que dá segurança à equipe e evita novos desmoronamentos, o isolamento do local e a retirada da pessoa.

“Às vezes demora dias, mas é a única maneira de resgatar a vítima sem causar um dano maior. Não se sabe se ela está viva ou morta, qual é a condição lá. É um trabalho difícil, desgastante, mas que precisa ser manual”, explica o bombeiro.

Estruturas reais são usadas no treinamento. Para isso, a equipe de instrução entra em contato com empresas demolidoras para encontrar prédios que serão demolidos e preparam o ambiente. Os instrutores colocam bonecos nas construções e usam máquinas para demolir e simular os escombros. Os alunos precisam então preparar todos os acessos para trabalhar em um ambiente real. Depois do treinamento, a empresa dá continuidade à demolição e retirada dos entulhos.

Socorro em regiões de montanha e áreas remotas

A Serra do Mar paranaense é um dos lugares preferidos para a prática de montanhismo no Estado. Mas a aventura pode se tornar perigosa caso o montanhista se perca ou fique ferido durante a escalada. Foi pensando nisso que o Corpo de Bombeiros formatou o curso de Socorro em Regiões de Montanha e Áreas Remotas, que já teve seis edições.

A formação habilita o profissional para fazer a busca e o socorro em meio a montanhas, prática que difere de um salvamento vertical em ambiente urbano (em tentativas de suicídios, por exemplo). Inclui técnicas de escalada, rapel, carregamento de maca, operação com cães, aeronaves e equipamentos específicos.

A busca e salvamento nessas situações exigem dos bombeiros bom preparo físico, por causa do terreno e pelo peso dos materiais, boa escalada e que estejam bem psicologicamente para aguentar ficar nesse ambiente por vários dias até completar a missão. Em alguns casos, as buscas envolvem cães e aeronaves. Em outros, o cuidado maior é com a retirada de uma pessoa ferida.

17 dias

A sargento Danila Falcão lembra de uma busca feita pela corporação de uma pessoa que se perdeu na Serra do Mar. “As equipes se revezaram por 17 dias, fazendo um completa varredura na Serra do Mar. Foram necessário planejamentos técnicos e táticos para que nenhum local ficasse sem ser vistoriado. Sabíamos que a cada dia as condições fisiológicas da vítima ficavam mais comprometidas”, conta. “Era uma ocorrência muito complexa. O constante treinamento e especializações das equipes auxiliaram no êxito da operação e, após 17 dias, a vítima foi resgatada com vida”, completa.

Negociador

Diferentemente das outras formações, que exigem grande preparo físico do profissional, o curso de Negociador foca principalmente na questão psicológica. Para participar da formação, o bombeiro passa por um exame psicográfico que atesta se ele está habilitado para a função. O papel do negociador é atuar em crise com suicidas desarmados.

“Nestes casos, o profissional negocia até a exaustão para tentar convencer efetivamente aquela pessoa a desistir dessa ação”, explica o major Daniel Lorenzetto. “Isso é o mais seguro para todo mundo, pois uma ação tática, de tentar tirá-la à força, pode virar um problema maior, colocando a vítima e o profissional em risco. É para essa situação que o curso prepara”, completa o bombeiro.

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