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Bloco da XV' emite nota e anuncia fim do evento

Nas redes sociais, organizadores lamentaram violência na festa e também emitiram esclarecimentos sobre o lixo deixado nas ruas da cidade

Vandalismo no local da festa foi lamentado por organizadores
Vandalismo no local da festa foi lamentado por organizadores -

Afonso Verner

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Os organizadores do Bloco da XV usaram as redes sociais para emitir um posicionamento sobre a edição 2018 do evento. Classificando a edição da festa realizada nesta terça-feira (13) como "tragédia", os organizadores lamentaram os fatos ocorridos durante o carnaval de rua e informaram que o evento não será mais realizado nos próximos anos. A extensa nota ressalta a presença de pessoas que "promoveram a violência gratuita", além de ataques e ofensas contra mulheres e gays.

Na nota, os organizados do evento ressaltaram a intenção de promover um carnaval no espaço público de Ponta Grossa. "Desde 2016, quando pensamos e viabilizamos a ideia do bloco, queríamos realmente ocupar o espaço público e fazer do carnaval de Ponta Grossa, principalmente do carnaval de rua, algo possível, animado e divertido, como deve ser. Algo que unisse os mais diversos públicos num ambiente de respeito e bom senso, para dizer o mínimo, como aconteceu nos anos de 2016 e 2017", informa a nota.

O comunicado ainda lamenta os ataques e violências gratuitas registradas durante o evento. "Ontem vimos uma cultura de ódio em seus mais variados níveis: vimos mulheres sendo xingadas e atacadas, vimos homens sendo espancados gratuitamente por um “olhar torto”, um empurrão inevitável pela falta de espaço, pelo azar de estar passando ao lado de outros homens que parecem se deleitar com a simples possibilidade de ferir alguém, ou de poder fazer qualquer coisa, vimos conhecidos sendo agredidos em ataques visivelmente homofóbicos", diz o comunicado. 

Na publicação feita no Facebook, os organizadores ressaltaram que sempre buscaram realizar um evento pacífico e democrático. "Sempre defendemos e enfatizamos, tanto na página do Bloco e do evento quanto nas declarações que fizemos à imprensa, que um bom carnaval é um carnaval sem discriminação, sem preconceito, sem racismo, sem machismo, e fizemos o máximo que conseguimos até onde pudemos", diz a nota.

Público superior e lixo nas ruas

Além dos casos de violência registrados no evento, os organizadores também comentaram os problemas com lixo registrados durante o Bloco - a sujeira foi limpa por funcionários da Prefeitura. A nota informa que desde que o bloco foi lançado havia uma "campanha de conscientização sobre a necessidade de cada um cuidar do lixo que produziu". "O Bloco da XV, apesar de ter uma organização, não é uma produtora privada de eventos e quando colocamos o Bloco na rua, sempre pedimos para que cada um faça parte da festa também na hora de zelar pelo patrimônio público", diz a nota.

Os organizadores consideram ainda que "o lixo produzido é responsabilidade de quem o produziu". A nota ainda aponta para o fato da organização ter buscado formas de minimizar o problema. "No sentido de diminuir o inevitável descompromisso de algumas pessoas que, como sabíamos, não iam dar a mínima importância para a campanha de conscientização, contratamos pessoas para recolher o lixo durante a festa, mas, infelizmente, pelo público ter sido 6x maior que no ano anterior, não deram conta de vencer a quantidade de lixo deixada", diz o informe.

Confira a nota na íntegra:

NOTA AQUELES E AQUELAS QUE ACREDITARAM NO BLOCO DA XV

É com muito pesar que viemos expressar a tragédia que foi o Bloco da XV 2018, e por esta razão mesma já anunciar a não continuidade do bloco para os anos seguintes, ou qualquer atividade relacionada a ele. Para nós, da organização, o sentimento é de imensa frustração. Desde 2016, quando pensamos e viabilizamos a ideia do bloco, queríamos realmente ocupar o espaço público e fazer do carnaval de Ponta Grossa, principalmente do carnaval de rua, algo possível, animado e divertido, como deve ser. Algo que unisse os mais diversos públicos num ambiente de respeito e bom senso, para dizer o mínimo, como aconteceu nos anos de 2016 e 2017 quando conseguimos colocar o Bloco na rua e como aconteceu nos eventos que realizamos ao longo do ano passado para que pudéssemos viabilizar e garantir a “festa” de ontem de maneira mais confortável para todas as pessoas que decidiram ir curtir o carnaval com a gente.

No entanto, ontem vimos uma cultura de ódio em seus mais variados níveis: vimos mulheres sendo xingadas e atacadas, vimos homens sendo espancados gratuitamente por um “olhar torto”, um empurrão inevitável pela falta de espaço, pelo azar de estar passando ao lado de outros homens que parecem se deleitar com a simples possibilidade de ferir alguém, ou de poder fazer qualquer coisa, vimos conhecidos sendo agredidos em ataques visivelmente homofóbicos, gente que por estar tão próxima de nós faz com que nos sintamos arrependidos de um dia ter pensado em colocar o Bloco na rua.

Sempre defendemos e enfatizamos, tanto na página do Bloco e do evento quanto nas declarações que fizemos à imprensa, que um bom carnaval é um carnaval sem discriminação, sem preconceito, sem racismo, sem machismo, e fizemos o máximo que conseguimos até onde pudemos. É dessa forma que pedimos as mais sinceras desculpas a todas as mulheres que se sentiram constrangidas por homens babacas, a todos os homens que se viram em situação de briga sem, no entanto, querer ou poder evitar aquilo, aos nossos amigos gays que não puderam aproveitar a festa como das outras vezes, com a liberdade e respeito que o Bloco desde o início se propôs a assegurar, para além de outras situações das quais vocês talvez saibam muito melhor que nós.

Ontem presenciamos atitudes que beiraram o caos e que nos colocaram sobre uma reflexão difícil, de que o Bloco da XV ficará, a partir de então, na lembrança daqueles que participaram. Ontem ficou claro que o Bloco da XV virou palco de uma violência gratuita e sem limites, sem qualquer tipo de medida e respeito. Nesse sentido, queremos deixar claro que a organização sempre repudiou e repudiará qualquer ato de violência. A verdade é que, pela ideia de proporcionar um carnaval na XV popular e democrático, tivemos um público muito acima do esperado e que, pelas proporções tomadas, fugiu ao nosso controle. Isso, a princípio, não deveria ser um problema, afinal, não era essa a intenção, que as pessoas comprassem a ideia? Ocupassem a rua com a gente, se divertissem com a gente, fizessem essa festa acontecer junto com a gente? Infelizmente, as pessoas que tomaram conta do Bloco da XV ontem queriam tudo, menos pular o carnaval. Assim, gostaríamos profundamente de nos desculpar, mesmo sabendo que desculpas não bastam pela violência perpetrada e pelos constrangimentos gerados durante aquilo que deveria ser hoje motivos de alegria e boas lembranças.

Agora, sobre o lixo. Desde que lançamos o evento nas redes sociais, fizemos uma intensa campanha de conscientização sobre a necessidade de cada um cuidar do lixo que produziu. O Bloco da XV, apesar de ter uma organização, não é uma produtora privada de eventos e quando colocamos o Bloco na rua, sempre pedimos para que cada um faça parte da festa também na hora de zelar pelo patrimônio público. Assim, o lixo produzido é responsabilidade de quem o produziu. No sentido de diminuir o inevitável descompromisso de algumas pessoas que, como sabíamos, não iam dar a mínima importância para a campanha de conscientização, contratamos pessoas para recolher o lixo durante a festa, mas, infelizmente, pelo público ter sido 6x maior que no ano anterior, não deram conta de vencer a quantidade de lixo deixada.

Todas essas situações nos levam a repensar a existência do Bloco, que sempre foi para nós uma festa sadia e necessária em nossa cidade, mas que por motivos já elencados nos geram, agora, um sentimento de derrota e constrangimento.

A todas as pessoas amigas, conhecidas, colaboradoras, incentivadoras, que acreditaram na gente e nos ajudaram a construir um Bloco de rua em Ponta Grossa estando presentes, reiteramos as nossas desculpas.

Aos que ainda não conseguem entender que ocupar o espaço público não significa encontrar razões rasas para vandalizar com este mesmo espaço ou para quem a convivência com qualquer tipo de diversidade se torna para elas um ponto de incômodo o qual deve ser exterminado na base da violência e só, preferíamos que vocês tivessem ficado em casa.

Contudo, agora é a gente que fica. Nós, da organização. Todos vocês que sentiram a mesma insegurança que a gente no dia de ontem.

Sentimos muito.

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