Debate sobre ideologia de gênero reúne líderes religiosos na Câmara

Audiência pública sobre o ensino de gênero nas escolas de Ponta Grossa lotou a Câmara Municipal no último sábado (9). Lideranças religiosas da Igreja Católica e Igreja Evangélica participaram da reunião, organizada pela bancada cristã do Legislativo. 

Sob protesto de membros do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais (LGBT), palestrantes contrários à inclusão da diversidade de gênero no conteúdo didático do município foram convidados para usar a tribuna. De acordo com os organizadores, ao todo, cerca de 200 pessoas estiveram presentes na audiência pública.

Um dos palestrantes convidado foi o jornalista e youtuber Bernardo Küster, que defendeu que a questão de gênero é uma ideologia, e não ciência.  “O difícil é mostrar isso do aspecto histórico, fazer espécie de biografia das ideias, quem são os agentes, os promotores, onde colheram informações, o que eles alegam e o que passam para nós”, disse. “Ideologia’ é justamente isso: fazer trabalhar em prol de uma causa sem saber os verdadeiros objetivos dela”, completou. 

Outra convidada para defender a exclusão do ensino de gênero das escolas foi a psicóloga Deuza Maria de Avellar. Segundo ela, o conteúdo é prejudicial às crianças e adolescentes. “O quanto a criança se confunde, quando recebe informações que ela não tem capacidade cognitiva, emocional para assimilar. Em cima disso, nós temos hoje grande confusão acontecendo na primeira infância, segunda infância...Na adolescência, então, nem se fala. temos uma adolescência completamente confusa sobre a sua identidade sexual”, argumentou.

O bispo dom Sergio esteve na audiência como ouvinte e destacou a importância do tema. “Vim aqui para ouvir e ver uma questão tão importante como essa ser detalhada”, citou. Nas galerias, fiéis de diversas paróquias e representantes da Pastoral Familiar e de movimentos católicos.

O evento foi organizado pelos vereadores Felipe Passos (PSDB), Pastor Ezequiel (PRB), Vinicius Camargo (PMB) e Magno Zanellato (PDT) e aconteceu na tarde de sábado. 

Movimento LGBT alega que não teve oportunidade de falar

Minoria na audiência organizada pela bancada cristã, representantes do movimento LGBT de Ponta Grossa criticaram o evento e disseram que tiveram pouco espaço para se manifestar e rebater as ideias dos palestrantes. Em publicação feita na página da Associação Flor de Lis LGBT, os representantes do movimento disseram que houve ‘discurso de ódio’ na audiência. “A audiência pública sobre gênero foi puro discurso de ódio falando sobre a tal da ‘ideologia de gênero’, palestras com discursos fundamentalistas religiosos, sendo uma das palestrantes pastora psicóloga. Na defesa, só pudemos falar 4 minutos cada.. E eles ainda defendiam que a audiência era pública e democrática. E ainda disseram que estávamos intimidando os palestrantes”, escreveu em nota.