Biblioteca da UEPG promove clube de leitura de quadrinhos
‘Carolina’ apresenta uma das vozes femininas e negras mais marcantes da literatura brasileira
Publicado: 20/09/2017, 11:39
‘Carolina’ apresenta uma das vozes femininas e negras mais marcantes da literatura brasileira
Bate-papo sobre “Carolina”, biografia em quadrinhos feita por Sirlene Barbosa e João Pinheiro, dá prosseguimento à programação cultural dentro da Biblioteca Central da UEPG nesta quinta-feira (21), das 20h às 21h30, no bloco D do Campus Central. Uma vez ao mês o Clube de Leitura de Quadrinhos Veneta/Bicen UEPG reúne leitores para conversar sobre um livro escolhido com antecedência e explorar o universo da chamada Nona Arte – os quadrinhos.
“Carolina” conta a história de Carolina Maria de Jesus, que foi um dos grandes fenômenos literários do Brasil nos anos 1960. Seu livro de estreia, “Quarto de Despejo”, ficou no topo da lista de mais vendidos e foi publicado em mais de 13 países. Negra, pobre, moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, e mãe de três, Carolina foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas e seu tornou uma das mais marcantes vozes femininas da literatura brasileira.
Qualquer interessado pode comparecer ao encontro do clube de leitura, que concederá certificado de 10h aos participantes regulares. Durante a atividade, o mediador contextualiza autor e obra e incentiva a troca de ideias. “Um dos principais objetivos do proj eto é estimular a leitura não-utilitária”, explica o professor de Jornalismo da UEPG e coordenador do projeto, Ben-Hur Demeneck. Para ele, a expansão dos clubes de leitura no Brasil acontece porque esses espaços combinam desenvolvimento intelectual e cultural com um bate-papo.
Círculo de leitores
“A biblioteca não se resume somente em um espaço silencioso de leitura. Ela é um lugar de memória, conhecimento, troca de experiências e diálogo”, comenta Maria Lúcia Madruga, diretora das Bibliotecas da UEPG e organizadora do projeto. Para a bibliotecária, as bibliotecas são espaços de encontros, de trocas de experiências e de acervos de livros que abrem as mentes das pessoas para conhecer narrativas, histórias e lugares do mundo nos quais não chegariam de outras maneiras.
Para o editor da Veneta, Rogério de Campos, a importância dos clubes de leitura é promover a circulação dos livros. “Gosto muito da ideia dos círculos dos livros, principalmente quando eles circulam para fora dos círculos”, afirma Campos, que foi fundador da editora Conrad e responsável por lançar revistas como “Animal” e “General”.
“Mesmo aquele herege que escondeu seus livros em uma caverna, com medo das inquisições, queria que um dia aqueles livros fossem lidos. Os livros existem não para guardar as ideias, mas fazê-las circular. É assim que as ideias crescem, ficam fortes e se reproduzem. Algumas duram o tempo de vida de uma borboleta e são tão bonitas quanto. Outras são bem feias, mas só desaparecem, ou se transformam, ao contato com outras ideias”, argumenta Rogério de Campos.
Compartilhando a leitura
“A expansão dos clubes de leitura parece estar associada à retomada de espaços de debate em torno de obras e autores”, avalia Karina Janz Woitowicz, coordenadora do projeto de extensão em jornalismo Cultura Plural. Para ela, a prática, que possui longa data, responde a um desejo de compartilhar experiências e impressões, que é posterior ao momento solitário da leitura. Woitowicz acredita que a escolha dos títulos privilegie a diversidade de autores, temas, contextos e personagens, portanto, favorece o exercício da crítica cultural.
Para Maria Lúcia Madruga, um dos motivos dos clubes de leituras estarem sendo reativados e proliferando “se deve ao fato de que as pessoas desejam interagir e compartilhar suas experiências de leitura, de ter um lugar para poder se expressar, para poder falar e ouvir, para poder construir e desconstruir ideias, de desenvolver relacionamentos, de conviver com o outro”.
O clube de leitura resulta de uma série de parcerias: Editora Veneta (São Paulo); Bicen/UEPG (Biblioteca Central Professor Faris Michaele); Projeto de Extensão Cultura Plural (Jornalismo UEPG); Nupepes-UEPG (Núcleo de estudos, pesquisas e extensão em Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social); e Clube de Humor e Quadrinhos Barão de Itararé (Ponta Grossa).
Repertório do Clube
Os autores da biografia gráfica “Carolina” são Sirlene Barbosa, doutoranda em Educação pela PUC-SP e professora de língua portuguesa, e João Pinheiro, artista visual e autor das histórias em quadrinhos Kerouac (2011) e Burroughs (2015). Em resenha publicada no blog Formiga Elétrica, Daniel Fontana recomendou a leitura da HQ “Além da óbvia narrativa de superação, Carolina, como trabalho em quadrinhos, tem uma qualidade intrínseca indiscutível, que é lembrar o quanto a cultura em geral pode ser libertadora”, escreveu.
Quem quiser obter mais informação do clube de leitura, confirmar presença no encontro ou colaborar com a divulgação do evento nas redes sociais pode acessar este link. Os encontros do clube de leitura começaram em agosto com o romance gráfico “Coltrane”, de Paolo Parisi, e seguem até dezembro. Em outubro, está programado “Ghetto Brother”, de Julian Voloj e Claudia Ahlering, onde se relaciona o surgimento do hip hop em Nova York com a pacificação promovida por Benjy Melendez no Bronx. A cada edição, o título o mês será incluído no catálogo da Biblioteca.
Informações Assessoria de Imprensa.