Crônica dos Campos Gerais: Esqueci o meu idioma! | aRede
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Crônica dos Campos Gerais: Esqueci o meu idioma!

Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

A Crônica desta semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski.
A Crônica desta semana é de autoria de Márcia Derbli Schafranski. -

Publicado por Camila Souza.

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Após vinte anos morando no exterior, Augusto sentiu vontade de visitar a cidade de Ponta Grossa, onde nascera e vivera até os seus dezessete anos. Seus pais haviam se mudado para uma chácara em Guaragi e, após revê-los, resolveu dar “um giro” pela sua cidade natal.

Ficou surpreso com o progresso da cidade, suas construções exuberantes, a quantidade de carros circulando e, sem se dar conta, chegou ao bairro da Ronda, onde havia morado quando criança. Qual não foi sua alegria, ao passar pela velha casa onde morara e encontrar a antiga vizinha, D. Marieta, professora de português e mãe dos seus amigos de infância, circulando pelas calçadas.

D. Marieta ficou viúva ainda muito jovem e trabalhou incansavelmente para poder dar aos três filhos um certo conforto e encaminhá-los ao Ensino Superior. Sem titubear, Augusto parou o carro, desceu e foi ao encontro da professora. Apresentou-se e deu-lhe um forte abraço. A professora acolheu-o com carinho, convidou-o a entrar em sua casa e, após servir-lhe um delicioso café, passaram a relembrar fatos dos “velhos tempos”. Augusto, então, perguntou-lhe:

– Dona Marieta, como estão seus filhos, meus queridos amigos dos tempos de outrora?

– Você nem imagina: Maria casou-se com um peralvilho doidivana e mora no Piauí. Renato uniu-se a uma langroia que adora coisas chumbregas e mudou-se para Carambeí e Júlia, por sua vez, casou-se com um sacripanta e mora em São Paulo.

Sem saber se a felicitava ou se manifestava pesar, por não entender o significado daquelas estranhas palavras, Augusto coçou a cabeça e, com ar aparvalhado, despediu- se. No trajeto de volta à chácara de seus pais, pensou: fiquei muito tempo fora do país, preciso estudar e reaprender o meu idioma...

*Texto de autoria de Márcia Derbli Schafranski, professora universitária aposentada, Especialista e Mestre em Educação pela UEPG e Suficiente Investigadora pela Universidade de Extremadura, na Espanha, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (acesse aqui).

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