Diálogos Culturais lança novo episódio

Artistas ponta-grossenses da cultura underground, Arte Drag e canto-coral estão entre os entrevistados

O projeto Diálogos Culturais lança o terceiro episódio da série de vídeos Papoccino, com o tema “A Arte de mudar”. Segundo o arte-educador e jornalista Zek Ramos, a Arte é a alma de uma sociedade, revelando suas histórias e tradições, mas também conscientizando sobre questões políticas e sociais, mostrando problemas e combatendo preconceitos. “Divulgar os artistas de Ponta Grossa mostra que a História está sendo construída dia-a-dia e que a Arte estimula o pensamento transversal, despertando a consciência e a crítica, fundamentais para a evolução humana”, justifica Ramos, que é idealizador do projeto.

Douglas Kahl, jornalista e editor da série, reconhece a relevância de promover a Arte e seus profissionais, buscando recursos criativos para contar estas histórias. “Neste terceiro episódio da série, buscamos mostrar como o contato com expressões artísticas pode revolucionar a vida dos entrevistados”, afirma Kahl. Neste contexto, o episódio incorpora o pensamento de três artistas de linguagens distintas e com histórias complementares. “As entrevistas foram organizadas de maneira a evidenciar os benefícios dessas mudanças proporcionadas pela arte”, completa.

Um dos entrevistados é o pianista e escritor Newton Schner Junior. Ao contar sobre sua trajetória no circuito underground, lembra que este sempre foi o seu mundo. “Foi onde eu tive as melhores relações, as mais honestas. Não tinha nenhum tipo de concorrência e todos se ajudavam. É o mundo ao qual eu devo muitas coisas na minha vida”, afirma. Estas relações fizeram com que ele ampliasse seu universo sonoro e criasse vários projetos paralelos, alguns em turnê fora do Brasil. “O underground é um mundo pequeno, onde as coisas acabam girando em torno da troca de cartas e e-mail. Em 2012 acabei indo pra Alemanha, Holanda e Portugal, encontrando estas pessoas com quem me correspondia”, diz. O pianista completa dizendo que intercalou o instrumento  erudito com a música underground, duas formas distintas de se produzir arte, de maneira natural, aliando duas paixões.

No caminho inverso do underground, o violinista e drag-queen Cristian Oliveira defende a Arte Pop. “Fui me apaixonando pelo gênero e resolvi que era o que eu queria fazer, mesmo tocando o violino, que é um instrumento clássico, à primeira vista”. Além disso, o artista encontrou na criação da personagem Luna Lazuli uma forma de unir o instrumento de cordas com a performance Drag. “Eu senti que precisava de uma revolução na minha vida e comecei a pesquisar novos tipos de Arte. Conheci a Arte Drag e me encantei ao saber que podia usar tudo que gostava de fazer. Foi o que me tirou do deserto, revolucionando minha vida em todos os aspectos”, completa.

Segundo o maestro e professor Weider Martins, estas mudanças acontecem porque a Arte permite que as pessoas tenham voz e se expressem de forma livre e criativa. No caso dele, os estudos iniciaram na igreja, com caráter mais “vernacular”. Ao buscar a formação em música e se especializar em canto-coral, sentiu como se o mundo tivesse se “expandido”. “Hoje eu tenho como sanar as dúvidas dos meus alunos, eu consigo contornar isto melhor. Talvez eu possa traçar um Weider antes da graduação e outro depois”. O maestro acredita, ainda, que a Arte é um agente de transformação social. “Ela é o fator que pode mudar o ser-humano, fazê-lo mais consciente, repensar sobre seu papel na sociedade, fazer com que ele alcance seus objetivos e pensar, acima de tudo”, finaliza.

Para conferir a entrevista, assista ao vídeo disponível nas redes sociais do YouTube, Facebook e Instagram da Diálogos Culturais. Em tempo, o projeto foi considerado uma das cinco melhores ações do Paraná em 2018 e foi finalista do Prêmio ODS.