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'Diálogos' documenta o trabalho de compositores da região

Plataforma lança ações para preservar a memória musical dos campos gerais

Imagem ilustrativa da imagem 'Diálogos' documenta o trabalho de compositores da região

O resgate de obras de compositores da região é fundamental na preservação da memória da nossa história. Como a maioria dos compositores não se dedicava exclusivamente para a música, o acervo não era organizado e centralizado num único lugar. A missão do pesquisador Douglas Passoni foi agrupar, processar, organizar, analisar, para depois, tornar pública a pesquisa para produção musical de intérpretes e demais interessados. “Uma vez que o material está lapidado pelo pesquisador, é preciso divulgar, é preciso mostrar à comunidade que há produção musical local, nas mais diversas formações”, afirma.

O projeto da Diálogos Culturais “Affetuoso” fará uma série de vídeos para as redes sociais, reunindo obras de compositores dos Campos Gerais. O gênero mais explorado nas obras da região é a valsa. “Composição ternária, fruto das influências das danças de salão e das canções populares. Em seguida, marchas, polcas, dobrados e tangos”, comenta o pesquisador. As composições normalmente abordam cenas cotidianas. Várias peças escolhidas levam título com o nome da pessoa, cidade ou instituição a quem o compositor dedicou à obra, como por exemplo, a polca militar “O Olho da Rua”, de Jorge Holzmann, dedicada ao periódico de mesmo nome, circulado na cidade de Curitiba entre os anos 1907 e 1911.

Para Douglas, a arte precisa estar presente nas redes sociais “para que as pessoas tenham oportunidade de consumir algo que vá além do oferecido pelas mídias de massa”. O ‘algo além’ se dá, principalmente, pelo ineditismo das obras escolhidas para o projeto da plataforma. “É o caso da valsa “Nicota”, do Benedito Antônio Pereira, natural de Castro (PR) – cidade de intensa produção musical no final do século XIX, início do século XX. Um segundo passo foi tentar elencar compositores de mais de uma cidade e, por fim, peças que eu tenho mais afinidade – seja por ligação pessoal ou por questão de gosto”, completa.

O projeto contou com a experiência do jornalista Douglas Kahl na gravação e edição dos vídeos. Ele acredita que, “quando se trata da arte, além da técnica, é preciso pensar no sentimento que o material vai carregar para o público”. Os vídeos para redes sociais precisam ser muito mais curtos e ao mesmo tempo diretos. “Seja uma imagem ou um material audiovisual, precisa informar em poucas palavras, se não o fizer se torna desinteressante e a mensagem não chegará ao receptor”, complementa. O jornalista acredita que a internet é capaz de ligar conteúdos numa teia de informação infinita e “a memória cultural pode usufruir dessa teia para entrar em contato com públicos novos”.

O projeto de preservação da memória musical dos Campos Gerais é uma iniciativa de Zek Ramos para a Diálogos Culturais, que além de uma série de vídeos com Douglas Passoni, também produziu um documentário com o fotógrafo Fayson Merege sobre o grupo Senhores da Música, que estará disponível no YouTube.

Música caipira é destaque na região

Com diferenças regionais, uma das principais características da música popular nos Campos Gerais está na música raiz, ou popularmente chamada de música caipira. Nela misturam-se influências culturais de diversos povos, tendo na viola o instrumento de expressão para falar sobre o dia-a-dia do trabalho, do lazer, das relações e da religiosidade do povo rural, que se mantém ainda que timidamente dentro do universo sertanejo atual. A música raiz, com forte apelo à poesia, é a moda que vem do caboclo e se revela original e singela. O músico João Carrero comenta que “no sítio é assim: tudo na simplicidade”. Sempre acompanhado de sua viola e de seus amigos, João Carrero faz parte do grupo Senhores da Música que se reúne todos os sábados há três anos. “Meus amigos são minha maior riqueza”, completa. O grupo ensaia na Concha Acústica desde a revitalização do espaço e é formado por seis músicos amadores. Para Gumercindo de Paula, estar perto das pessoas é fundamental para manter o projeto. “Cantador canta para o público. Cantar sem público é muito difícil”. Não saber ler partituras não os impediu de reunir um repertório de quase 100 músicas tiradas de ouvido. Esta prática é comum para a maioria deles desde a juventude. “Era comum a gente ouvir a música na rádio uma vez e no outro dia já sair cantando. Mas sempre música de raiz”, completa. Renato Zampier relaciona a música com satisfação pessoal. “Sempre trabalhei com transporte e tive uma vida boa. Tenho tudo o que preciso! Mas, se precisasse escolher a coisa mais importante, seria a música. A música é a coisa mais importante da minha vida”.

Documentário vai retratar os Senhores da Música

Inspirado por estas histórias de vida, a plataforma Diálogos Culturais convidou o fotógrafo Fayson Merege para a produção de um documentário chamado “Tocando a vida”, sobre a história do grupo Senhores da Música. Zek Ramos, responsável pelo projeto, acredita que “difundir esta história é um reconhecimento de nossa origem, da história de nossa cidade, música e povo”. As gravações foram finalizadas em maio e, em breve, o projeto estará disponível no YouTube. “Nosso objetivo é inscrever o documentário em editais municipais e fora daqui. São histórias de simplicidade e amor pela música que nos inspiraram e esperamos que cause o mesmo efeito em quem assistir”, comenta Fayson Merege. Além deste documentário, a plataforma tem reunido um acervo de artistas locais, como pintores, escritores e fotógrafos. Recentemente lançaram a Cia de Teatro que mantém temporada toda quinta do mês de junho com a peça “Os cinco”, do escritor Lúcio Martínez. “Divulgar e valorizar nossos artistas é um trabalho de reconhecimento necessário para entendermos um pouco mais sobre a maneira de pensar e produzir de nossa população”, finaliza Zek Ramos. Para apoiar e saber mais sobre o projeto, siga @dialogosculturais no instagram e no Facebook.

Douglas Passoni

A música sempre fez parte da vida do Douglas Passoni. Com o estudo do piano teve a curiosidade no campo da pesquisa. Licenciado em música pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, é cantor no Coro Cidade de Ponta Grossa, trabalha com educação musical, editoração musical e assessoria técnica e de pesquisa do Instituto Piano Brasileiro. Destacou-se pelo trabalho para o Acervo Digital Chiquinha Gonzaga, que dá acesso à obra da compositora.

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