Safra
Supersafra não garante rentabilidade aos produtores
Com preços abaixo dos praticados em 2016, variação de valores entre as safras demanda de uma política agrícola mais séria, segundo presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais
Fernando Rogala | 21 de fevereiro de 2017 - 06:01
A previsão pode até ser de uma ‘supersafra’ de grãos,
podendo ser a maior da história para o Estado do Paraná e a segunda maior para
a região dos Campos Gerais. Mas a empolgação dos produtores rurais é imediatamente
anulada quando se atentam aos preços de venda desses produtos. Seja para a soja,
milho e feijão, a rentabilidade das três principais culturas está abaixo da
registrada no ano passado. Para algumas, culturas, há a possibilidade de que os
custos com o plantio sequer sejam cobertos. Justamente por esse motivo que o
presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Edilson Gorte, é enfático: “Precisamos
urgentemente de uma política agrícola séria”, resume.
Em uma comparação direta, com o mesmo período de 2016, o
produto que teve a maior queda nos preços é o feijão. Se este grão, de cor, era
comercializado, em média, por R$ 180 no dia 19 de fevereiro de 2016, agora este
valor pago está em R$ 120. Ou seja, uma baixa de 33%. Se comparar com outros
períodos do ano passado, essa diferença fica muito mais evidente. “No ano
passado teve gente que vendeu até a R$ 400, porque o feijão estava em falta.
Neste ano, a produtividade foi boa no Brasil inteiro, e, com isso, como teve
gente da região que não conseguiu vender antes, teve produtor vendendo até a R$
80, para não perder”, recorda, destacando a famosa lei da oferta e procura.
Neste ano, a produtividade na primeira safra regional foi 21% superior à
registrada no ano passado.
No caso do milho, a diferença é um pouco menor, com a queda
de R$ 33 (19 de fevereiro de 2016) para R$ 27,50 (20 de fevereiro de 2017), em
média. Mas, em uma análise mais ampla, a situação é preocupante. “Faltou milho
no ano passado, porque muita gente não plantou, e o preço chegou aos R$ 50
reais a saca. Hoje a expectativa é de R$ 15 no Mato Grosso. O produtor não está
tendo vantagem porque está ficando abaixo do custo; não tem como plantar”, diz.
A expectativa é que, nos Campos Gerais, a produção suba 55%. Já para a soja, diretamente
influenciada pela bolsa de Chicago, sofreu o impacto da queda do dólar. O preço
médio caiu de R$ 70 para R$ 67. E a produção vai crescer apenas 2% nos Campos
Gerais.
É por esse motivo que Gorte ressalta a necessidade de uma política agrícola séria, que estabeleça um preço mínimo à agricultura. “Precisamos de preço que seja bom para o agricultor, consumidor e às fábricas de rações. Tem que sem um preço condizente para que todos paguem seu custo e uma receita mínima, condizente com os riscos, de modo que a população possa comprar o feijão com preços compatíveis”, destaca.
Safra recorde gera maior movimento no Porto de Paranaguá
A safra de verão deste ano deve ser recorde e os primeiros sinais já são sentidos no Porto de Paranaguá. Com a demanda do mercado externo em alta, os embarques de soja pelo porto paranaense fecharam janeiro em alta de 15%. Foram 432 mil toneladas exportadas no primeiro mês de 2017 . A safra começou a ser colhida ao longo do mês e, segundo os dados do Departamento de Economia Rural (Deral), os volumes colhidos devem ser superiores aos registrados nas safras anteriores.