Política
Milla fala em transparência e planeja ‘minirreforma’
Da Redação | 22 de dezembro de 2018 - 13:07
Novo presidente da
Mesa Executiva assume cargo no dia 1º de janeiro. Objetivo é unir estrutura
financeira, administrativa e vereadores no mesmo espaço.
Com o apoio de 16 dos 23 vereadores, Daniel Milla (PV) foi
eleito na última semana como o novo presidente da Mesa Executiva da Câmara de
Ponta Grossa. O vereador, que assume oficialmente o cargo em cerimônia no dia
1º de janeiro, já planeja algumas ações para melhorar a estrutura administrativa
da Casa.
Uma delas já foi anunciada assim que venceu as eleições: o
novo presidente planeja diminuir drasticamente o número de papeis utilizados e
fazer a informatização da estrutura, unindo os gabinetes, o financeiro e o
departamento administrativo em um sistema que deve agilizar os trabalhos no
Legislativo e também diminuir os gastos públicos.
Outra medida diz respeito à possibilidade de uma
‘minirreforma’ na estrutura física, construindo um espaço para que o setor
administrativo e financeiro atue ao lado dos vereadores – no momento, o serviço
acontece de forma afastada.
Milla ainda destacou a transparência nas atividades da
Câmara e ressaltou que atuará ‘como um magistrado’ em relação aos 23 vereadores
e também aos projetos do Poder Executivo, sem pender para nenhum lado ou
beneficiar ninguém. Para o vereador, as opiniões que tem por conta de
participar da base aliada de Marcelo Rangel (PSDB) não devem interferir no
trabalho como presidente da Câmara.
Jornal da Manhã: Como
funcionou o processo de escolha para lançar o nome como candidato à presidência
da Câmara?
Daniel Milla: A
eleição para a Mesa Executiva é uma questão um pouco mais de afinidade, de
trabalho e de política. Participamos [da eleição anterior] com o Mainardes e
vamos discutindo e criando alternativas de trabalho com outros parlamentares,
criando maior afinidade com eles. E assim me escolheram naturalmente como
candidato. Foi uma discussão interna. Cada um dos membros do grupo foi
explanando como gostaria que fosse a administração da Câmara. Porque hoje a
presidência vale para uma administração interna, de administração dos recursos
e aplica-los para que o parlamentar e o servidor tenha condições de fiscalizar
o Poder Executivo. Sempre tive ideia para a Câmara de modernização. Durante as
reuniões, sugeri uma ‘minirreforma’ na estrutura física e os vereadores
acabaram gostando... com essas questões, me lançaram naturalmente como
candidato.
JM: A Mesa Executiva
ainda é composta por outros vereadores que já possuem experiência de
administração. Durante a formação da chapa, foi pensada nessa possibilidade de
colocar nomes que já conheciam o processo administrativo?
Milla: A Mesa
será composta por pessoas com experiência, mas que mudaram as funções. Quando
se muda o cargo, surgem ideias novas porque o posicionamento de cada um é
diferente. O Mainardes, por exemplo, será o vice. É uma pessoa que tem três
mandatos de presidente e que vai auxiliar muito o meu trabalho na presidência.
Assim também com os demais cargos. Todos eles vêm com novas ideias para
trabalhar.
JM: Assim que venceu
a eleição à presidência, o senhor deu uma declaração de que já planejava
realizar investimentos para informatizar os processos na Câmara. Qual o
andamento deste processo? O vereador pensa em dar início às mudanças imediatamente?
Milla: Temos que
analisar algumas questões burocráticas, mas farei com a maior agilidade. Hoje
temos muitos gastos com a impressão. Cada projeto que é discutido, são levadas
impressões para os parlamentares, que analisam e utilizam mais papel. Precisamos
nos informatizar, utilizarmos computadores nas bancadas, colocar um sistema
integrado entre os gabinetes e o administrativo e fazer votações online. Além
de gerar a economia de papéis, na questão da sustentabilidade, temos uma
agilidade no processo legislativo, porque automaticamente as votações vão para
o [sistema] Legislador Online. Então o rito processual é muito mais rápido.
Hoje temos pedidos de horas extras porque é necessário que
se digite toda a sessão, como atas, resultado de votações, colocar para o
vereador assinar, ler todas as votações... isso gera gastos com horas extras.
Fazendo a informatização, acabamos também com esta questão e geramos mais
economia aos sofres do Legislativo.
JM: E existe mais
alguma medida que, na sua opinião, deve ser realizada imediatamente por parte
da administração da Câmara?
Milla: Existe.
Temos também em discussão um projeto de ampliação da Câmara com a construção de
um anexo. Ao longo de oito ou 10 anos, a cidade cresceu, tivemos concursos para
a contratalção de servidores, motoristas, técnicos legislativos e ampliação de
vereadores. Além disso, a população aumentou. Então aparecem mais pessoas na
Casa para discutir projetos. Mas ainda temos uma estrutura de quarenta anos,
que hoje não tem mais espaço suficiente para receber a população.
Hoje o orçamento para este projeto é de R$ 4,3 milhões. É um
valor considerável, já que estamos enfrentando uma crise no país. Temos que ter
zelo com o dinheiro público e há uma necessidade de controle de gastos. Então
sugeri uma minirreforma. Os vereadores ficarão com seus gabinetes, mas
precisamos trazer o administrativo para perto da Câmara – que hoje funciona
junto com o financeiro e está afastado do corpo físico da Casa. É necessário
que ele [administrativo] esteja junto à Câmara. Essa construção de um
departamento administrativo e financeiro traz uma economia muito grande em
relação ao anexo projetado anteriormente.
JM: E em que ponto
está esta proposta para a pequena reforma?
Milla: Já estou
conversando com engenheiros. Ano que vem existe uma previsão para que possa ser
realizado o projeto e licitado. Além dele, faremos um controle de entrada e
saída das pessoas para que a Câmara seja totalmente fechada. Precisamos
identificar quem está dentro dela, a hora que entra, a hora que sai... Ter o
controle detalhado dos trabalhos de todos os funcionários e transparência em
relação às verbas públicas e os pagamentos.
Hoje, se formos analisar, a Câmara é exposta. Pessoas entram
pela parte da frente e por trás, assim como a Prefeitura. Precisamos de um
controle com catracas e identificação das pessoas para facilitar o trabalho de
todo mundo. Tem a questão da segurança também. Um exemplo: recentemente
recebemos crianças de sete, oito e 10 anos e não temos o menor controle de quem
está do lado delas assistindo a sessão. Essas reformas são necessárias para
evitar problemas em relação à segurança de quem trabalha e de quem visita.
JM: Sabemos que o
vereador é da base do governo municipal. Como ficará essa relação com o
prefeito Marcelo Rangel agora que chegou à presidência da Câmara?
Milla: Temos que
interpretar da seguinte maneira: sou vereador da base, mas presidente dos 23
vereadores. Tenho que atuar como um magistrado, não posso pender para partido
político ou posicionamento. Tenho que ser o presidente da Câmara e da
população. Em relação aos projetos e a relação com o Poder Executivo, serei
independente como presidente. Mas é preciso ser feita uma relação harmoniosa,
não podemos fechar as portas e criar um atrito para que prejudique a população.
Mas terei postura de um magistrado, que pauta a ordem do dia e coloca em
discussão para todos os vereadores. O meu voto como vereador é uma situação
totalmente diferente em relação à posição como presidente.
JM: A Câmara votará
em breve uma proposta de redução do número de vereadores. Como presidente da
Mesa, qual será o trabalho realizado para garantir a discussão deste projeto.
Milla: O projeto
será pautado com muita transparência e debatido no tempo necessário. Não
permitirei que façam uma espécie de ‘trampolim político’ com o projeto. É
preciso uma discussão técnica e em contato com a população. Um ou outro
vereador tentou levar a proposta para esse lado recentemente, o que não
concordo. Nossa opinião é de que precisamos falar com a população sobre a
necessidade de ser os representantes. É a população quem vai decidir, através
da relação com os vereadores. De minha parte, terá total transparência, com o
apoio de entidades e da população.