Política
Sandro e Aliel divergem sobre proposta do ‘Distritão’
Deputados federais votaram de maneira distinta sobre mudança no sistema eleitoral para o próximo pleito
Afonso Verner | 21 de setembro de 2017 - 06:00
Em 2018 a forma de escolher deputados federais e estaduais
continuará a mesma já que a Câmara dos Deputados rejeitou, na noite de
terça-feira (19), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
77/03 – foram 238 votos contrários, 205 favoráveis e 1
abstenção. O arquivamento mantém o sistema proporcional, em que as cadeiras são
distribuídas de acordo com o desempenho eleitoral de partidos ou coligações –
os deputados federais de Ponta Grossa votaram de maneira distinta.
Sandro Alex (PSD) foi favorável a aplicação do ‘Distritão’ em
2018 e da votação no chamado ‘distrital misto’ no pleito seguinte, já o
deputado federal Aliel Machado (REDE) votou contra a PEC 77/03. A proposta é uma
das várias alternativas de mudanças no sistema político e, além disso,
deputados e senadores também discutem o fim das coligações e a chamada clausula
de barreira – ambos os debates seguem em trâmite no Congresso.
O deputado Sandro Alex (PSD) lembrou que é “defensor” do
sistema distrital misto e lembrou que votou favorável à alternativa proposta por
entender que “o sistema atual entrou em colapso” e as mudanças seriam
emergenciais. “O Distritão não seria o ideal, mas seria o começo. Defendo o
voto distrital misto e acredito que as mudanças no sistema político tem que
começar de algum lugar”, contou parlamentar.
Por outro lado, o deputado federal Aliel Machado (REDE)
afirmou que a proposta do ‘Distritão’ dificultaria a renovação e favoreceria,
dessa forma, “a permanência de quem está no Poder”. “Esse Congresso vive uma
crise muito profunda do ponto de vista de legitimação, na própria análise dos
cientistas políticos o Distritão daria a oportunidade para que muitos caciques
continuassem no Poder”, contou Aliel.
A PEC 77/03 previa que em 2018 cada estado ou município se tornaria
um distrito eleitoral e com isso seriam eleitos os candidatos mais votados –
nesse caso não seriam levados em conta os votos para o partido ou a coligação.
Com isso, a eleição para deputados (estaduais e federais) e vereadores tornar
ia-se uma disputa majoritária, assim como acontece por cargos como os de prefeitos,
governadores, presidente e senador
Cientista político
salienta “momento de crise”
O cientista político e professor titular da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi, lembra que as propostas da reforma
política foram apresentadas em um momento de crise do sistema e em forma “reativa”
às denúncias contra os políticos. “De forma geral, a reforma política pioraria
o sistema representativo”, explica Cervi. O cientista político lembrou ainda
que alguns partidos ‘fecharam questão’ sobre a votação desta terça-feira. “Votação
que sepultou (pelo menos até 2020) o Distritão como sistema eleitoral teve como
parlamentares fiéis à ideia a maioria de deputados do PMDB, PSDB, PP, PSD, DEM,
Podemos e Solidariedade., mas não foi suficiente para aprovar a proposta para
2018”, conta.