Política
Odebrecht assina acordo de leniência
Marcelo e Emílio Odebrecht assinaram documentos nessa quinta-feira (01)
- | 02 de dezembro de 2016 - 06:40
Marcelo e Emílio
Odebrecht assinaram documentos nessa quinta-feira (01)
O empresário Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo
Odebrecht, assinaram acordo de delação premiada e o acordo de leniência da
empresa. Emílio assinou o acordo na Procuradoria Geral da República (PGR) em
Brasília, enquanto Marcelo assinou em Curitiba, onde está preso desde junho de
2015. Considera a maior empreiteira do país, a Odebrecht se comprometeu a pagar
R$ 8,6 bilhões a título de indenização por ter se envolvido em atos de
corrupção e divulgou uma nota na qual admite o erro, pede desculpas e diz que
está comprometido a "virar a página".
Marcelo Odebrecht, terceira geração da família a conduzir o
grupo, fundado por seu avô, Norberto Odebrecht, deverá permanecer preso até o
fim de 2017, totalizando dois anos e meio de prisão. A partir de então,
cumprirá prisão domiciliar, regime semiaberto e aberto. No total, serão 10 anos
de pena acordada. Um dos alvos principais da Lava-Jato, por sua proximidade com
o governo durante a gestão do PT, a empresa informou que a partir de agora vai
combater e não vai tolerar qualquer forma de corrupção, incluindo extorsão e
suborno.
O envolvimento no maior escândalo de corrupção do país,
iniciado com as investigações em torno da Petrobras, criou dificuldades para o
caixa da empresa. Em comunicado divulgado nesta quinta, a Odebrecht informou
que vai vender mais R$ 7 bilhões em ativos até meados de 2017 para reestruturar
suas dívidas. Até agora já foram vendidos R$ 5 bilhões em ativos do grupo.
Ao final do período, a empresa terá cumprido o plano de
reestruturação, que é o de se desfazer de R$ 12 bilhões em ativos para garantir
liquidez financeira. O aporte financeiro na empresa alcança R$ 4 bilhões e a
capitalização inclui ainda integralização de ativos de energia renovável (R$ 2
bilhões). Ao se desfazer dos negócios, o grupo reduz sua dívida inicial de R$
76 bilhões, pois as empresas vendidas levam junto suas próprias dívidas.
A reestruturação inclui também negócios no exterior. Em
junho passado, a Odebrecht Latinvest vendeu o controle acionário da concessão
rodoviária Rutas de Lima, no Peru, trasnsferindo 57% do negócio para a
Brookfield. A Odebrecht Latinvest passou a ter 25% das ações do consórcio e a
Sigma permaneceu com 18%. Vendeu também 100% da Concessionaria Trasvase Olmos
(CTO) e H2Olmos S.A., concessões vinculadas ao Projeto Olmos de irrigação no
Peru,
Empresa era referência em obras públicas
Desde 2015 a Odebrecht Engenharia & Construção
conquistou importantes contratos para execução de obras como a Rodovia 836, na
Flórida (EUA), a Linha 2 do Metrô da Cidade do Panamá, a primeira linha
metroviária de Quito (Equador), a reurbanização da cidade de Colón (também no
Panamá), a Linha de Transmissão de Energia Laúca e a Base Naval, ambas em
Angola. “Estamos passando por um processo de revisão da forma de nos organizar,
de conceitos, de políticas e diretrizes”, diz Newton de Souza,
diretor-presidente da Odebrecht S.A.