Paulo Coelho
O desejo deve ser forte (14/07)
O desejo deve ser forte (14/07)
Da Redação | 14 de julho de 2018 - 00:05
O desejo deve ser forte
O yoga Ramakrishna ilustra, com uma parábola, a intensidade do desejo que precisamos ter:
O mestre levou o discípulo para perto de um lago.
- Hoje vou ensiná-lo o que significa a verdadeira devoção – disse.
Pediu ao discípulo que entrasse com ele no lago, e segurando a cabeça do rapaz, colocou-a debaixo d’água.
O primeiro minuto passou. No meio do segundo minuto, o rapaz já se debatia com todas as forças para livrar-se da mão do mestre, e poder voltar à superfície.
No final do segundo minuto o mestre soltou-o. O rapaz, com o coração disparado, levantou-se, ofegante.
- O Sr. quis matar-me! – gritava.
O mestre esperou que ele se acalmasse, e disse:
- Não desejei matá-lo – porque se desejasse, você não estaria mais aqui.
Queria apenas saber o que sentiu, enquanto estava debaixo d água.
- Eu me senti morrendo! Tudo que desejava na vida era respirar um pouco de ar!
- É exatamente isso. A verdadeira devoção só aparece quando só temos um desejo, e morreremos se não conseguirmos realizá-lo.
Movimentando a sombra
Myiamoto Musashi, o célebre samurai que escreveu “O livro dos cinco anéis”, fala da estratégia para se compreender o espírito e as qualidades do inimigo.
Segundo ele, quando não conseguimos saber o que nosso adversário pretende, devemos fingir um ataque. Todas as pessoas do mundo estão sempre preparadas para se defender, porque vivem no medo e na paranoia de que os outros não gostam dela.
Desta maneira, também nosso adversário – por mais brilhante que seja – é inseguro e reage com violência exagerada à provocação. Ao fazer isso, mostra todas as armas que tem, e ficamos sabendo onde está forte, e quais são os seus pontos fracos.
Musashi chama esta técnica de “movimentar a sombra”. Na verdade, o guerreiro da luz não entra no combate, mas provoca um pouco, e a sombra de sua provocação confunde o adversário.
Então, sabendo exatamente que tipo de confronto deve esperar o guerreiro da luz ataca ou recua.
A reflexão
Gurdjeff (1877-1949) é um interessante personagem, responsável, entre outras coisas, pelo livro “Encontro com homens notáveis”. Aqui vai um pequeno texto que usava em suas aulas:
A fé consciente é liberdade.
A fé instintiva é escravidão.
A fé mecânica é loucura.
A esperança consciente é força.
A esperança emocional é covardia.
A esperança mecânica é doença.
O amor consciente desperta o amor.
O amor emocional desperta o inesperado.
O amor mecânico desperta o ódio.