Editorial
Um parque apenas no papel
Da Redação | 21 de abril de 2018 - 03:55
O Parque Nacional dos Campos Gerais e outras cinco Unidades de Conservação (UCs), criadas pelo governo federal entre os anos de 2005 e 2006, nos estados do Paraná e Santa Catarina, ainda hoje, mais de uma década depois de legalmente formalizadas, enfrentam dificuldades para saírem completamente do papel.
São vários motivos para esta estagnação, mas dois deles apresentam-se como principais: a falta de investimentos públicos para a desapropriação das áreas e dificuldades impostas por proprietários que mantêm nos locais práticas de pecuária e plantação de espécies exóticas, como o pinus. Segundo apontamento do Observatório da Justiça e Conservação, tais fatores contribuem com o cenário, que atrasa a elaboração de planos de manejo e o crescimento do turismo sustentável de natureza.
O Parque Nacional dos Campos Gerais, com aproximadamente 21.500 hectares, com abrangência nos municípios de Ponta Grossa, Castro e Carambeí, foi criado com o objetivo de proteger o patrimônio natural e cultural dessa região. Especialistas citam que esta região abriga sítios arqueológicos importantes e formações geológicas singulares. Guarda a memória do tropeirismo, período importante da história regional. Protege nascentes de rios importantes como o Tibagi e o Ribeira. Oferece a possibilidade de conexão com unidades de conservação já existentes na região, como o Parque Estadual de Vila Velha e a APA da Escarpa Devoniana.
Com o objetivo de aproximar diferentes setores com a gestão do Parque Nacional dos Campos Gerais, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciou no ano de 2017, o processo de formação do conselho consultivo desta Unidade de Conservação . É uma boa iniciativa.
Matéria do portal aRede e do Jornal da Manhã, neste fim de semana, mostra que a União deverá desembolsar mais de R$ 2 bilhões em pagamento de indenização aos proprietários de áreas que estão no Parque. É uma quantia expressiva para um país em crise.