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Antecipação da restituição do IR pode ser muito arriscada
Da Redação | 12 de março de 2019 - 01:19
Por Reinaldo Domingos
Na reta final da entrega da declaração do Imposto de Renda –
o prazo termina em 30 de abril – muitos brasileiros se interessam pela
antecipação da restituição. Trata-se de um empréstimo, portanto é preciso
considerar os juros e ter certeza de que não cairá na malha fina e acabará
arcando com as parcelas do próprio bolso.
Muitos consideram essa uma boa saída para “desafogar” o
orçamento, sem considerar que se há um problema financeiro, não será a entrada
antecipada de dinheiro que irá resolvê-lo. A questão é mais profunda, diz
respeito aos hábitos e comportamentos que o levaram a precisar deste empréstimo
em primeiro lugar.
É claro que se o problema for uma dívida com juros altos,
maiores do que os da antecipação, é um bom negócio, contudo é preciso ter consciência
de que trocar uma dívida pela outra não é a solução. Ainda assim, é importante
fazer uma boa pesquisa entre as instituições financeiras, já que as taxas
variam muito.
A vantagem da liberação rápida do dinheiro na conta corrente
tem um custo, que vai além dos juros: os riscos. Afinal, além de perder
dinheiro ao pagar as taxas, há a possibilidade de haver alguma inconsistência
na declaração e o valor devolvido pela Receita ser menor do que o esperado, ou
pior, a declaração cair na malha fina e o contribuinte não receber essa
restituição – esses fatos não mudarão em nada o empréstimo tomado
anteriormente, restando a quem tomou o empréstimo parar pesados juros.
Ou seja, se for utilizar a antecipação é preciso ter certeza
de que a declaração está perfeita. Por isso é válido ter cautela ao preencher e
se organizar com antecedência, separando documentos para que possa justificar o
que está declarando. Por se tratar de um relatório minucioso em alguns casos, é
válido buscar a assessoria de um especialista contábil.
Ainda assim, a principal recomendação é que, antes de tomar
qualquer decisão, o contribuinte faça um diagnóstico financeiro para ter
consciência de que forma gasta o seu dinheiro e possa identificar pontos de
melhoria, para que não mais precise de rendas extras para manter o equilíbrio
financeiro.
Uma última orientação: os que vão receber a restituição no
primeiro lote precisam investir o valor em um fundo adequado para o prazo em
que se deseja atingir um objetivo, afinal de nada adianta manter uma quantia
destinada para a realização de um sonho de longo prazo na poupança, por
exemplo. Assim se tornaria mais vantajoso receber nos últimos lotes, já que o
governo paga as correções.
Reinaldo Domingos está a frente do canal Dinheiro à Vista. É Doutor em Educação Financeira,
presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin –www.abefin.org.br) e da DSOP Educação Financeira (www.dsop.com.br). Autor de diversos livros sobre o tema,
como o best-seller Terapia Financeira.