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Sobre o Festival de Música de Ponta Grossa

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Por Lucas de Carvalho Morais

Na noite do último dia 20, sexta-feira, a Orquestra Sinfônica Cidade de Ponta Grossa, sob a regência do seu diretor, o maestro Rafael Rauski, regalou-nos com excelente execução da Marcha Eslava e da 5º Sinfonia de Piotr Ilitch Tchaikovsky, compositor russo do século XIX. Tchaikovsky retorna com classe, depois do quase grotesco concerto da Orquestra Filarmônica da Unicesumar, que em 2017 executou a Valsa das Flores no Cine Teatro Ópera, quase executando junto o seu compositor, que já havia morrido em 1893.

O evento dessa sexta abriu o 10º Festival de Música de Ponta Grossa, que proporcionará diversas apresentações até o dia 29 de julho. Além de concertos e recitais que nos conduzirão através do erudito e do popular, o festival contará com debates, masterclasses, oficinas e exibição de filmes. Não é todo dia que ao cidadão ponta-grossense se abre a possibilidade de assistir e participar de tão rica programação cultural.

Os músicos da nossa orquestra receberam merecidamente mais aplausos que esperavam nessa sexta. É que, executando uma sinfonia composta de quatro movimentos, a orquestra fazia uma pequena pausa ao final de cada um deles, momento em que o povo – que lotou o Ópera – acreditava que a música chegara ao fim e punha-se a aplaudir entusiasticamente. Na primeira dessas situações, alguém disse um “xiiiu”, ao que se seguiu a exclamação “respeito!”, para que a orquestra não fosse interrompida no meio da música. Daí formaram-se duas facções: a dos que aplaudiam e a dos que não. Merecidos aplausos no momento errado. Alguém pode objetar que a maioria dos ouvintes não conhecia a 5º Sinfonia de Tchaikovsky e por isso não saberia como ela termina. Só que uma sinfonia revela o seu final, não raro maestoso, bombástico, impetuoso. Ao leitor se lhe ensine: não aplaudimos antes que a música chegue ao fim.

Outro fenômeno foram os bebês presentes, assunto assaz polêmico hoje em dia. Antes de iniciar a execução percebi a esparsa emissão de balbucios, gemidos, gritinhos e choros. Virei-me e deparei as rechonchudas caras de diversos bebês e fiz a mais apocalíptica projeção: seria um chororô geral durante a apresentação. Felizmente os tenros apreciadores de música erudita ficaram muito comportadinhos, o que prova, na minha opinião, a qualidade do concerto.

Estava tudo perfeito, um repertório ótimo tocado por ótimos músicos e apreciado por um respeitável público. Havia, contudo, um jovem senhor ao meu lado que, começando com discreto tamborilar de dedos, foi progredindo durante toda a Marcha Eslava, acrescentando bufadas rítmicas, assobios, gestos manuais impetuosos, quando, por fim, começou a bater os pés no chão, fazendo balançar as poltronas contíguas. Tamanho era o seu desejo de convencer a si próprio do seu conhecimento das músicas apresentadas. Talvez na sua cabeça fosse ele, e não o maestro Rafael Rauski, o verdadeiro e secreto regente do concerto. Ora, quem gosta de música tem a alma invadida por tamanho entusiasmo que até o seu corpo parece cooptado pelo ritmo e pela melodia. Não é à toa que existe a dança. Mas a orquestra, que certamente ensaiara exaustivamente, nos ofereceu uma apresentação tão bela que não seria exagero pedir à plateia que suspendesse mesmo a respiração para que ruído algum desviasse a atenção dos músicos ou ofuscasse o som.

Reitero que serão diversas atividades voltadas à música, que agradarão diversos gostos, e convido o leitor a prestigiar a produção e atuação artística de nossa cidade. A programação dos eventos podem ser encontradas na página “Festival de Música de Ponta Grossa” no Facebook.

Lucas de Carvalho Morais é ponta-grossense e colaborador do JM

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