Debates
Intervenção: como entendê-la num momento de fragilidade e omissão
Mario Martins | 24 de fevereiro de 2018 - 02:23
Por Miryan Lourenço
Apesar das supostas motivações duvidosas que levaram o
pedido da intervenção Federal no Rio de Janeiro às pressas, não sabemos se
foi o fracasso na votação da Previdência Social, uma possível atitude
eleitoreira para alavancar o presidente Michel Temer a sua candidatura no
pleito presidencial de 2018, ou o caso recente envolvendo Fernando Segovia e a
troca do delegado chefe Baida Filho que investiga o caso Rodrimar, após
comunicação do seu afastamento, no momento está de férias nos EUA .
Relembrando o depoimento do executivo Ricardo Mesquita
ligando Rodrigo Rocha Lores (PMDB-PR) como sendo interlocutor de Temer no
suposto favorecimento da operadora de terminais Rodrimar.
Em meio ao arcabouço teórico, vale ressaltar que
não resta dúvida que as ações do Governo do Estado contra o crime no Rio
de Janeiro chegaram ao seu limite extremo, não conseguindo com sucesso recuar o
avanço do crime organizado, através de uma política pública ineficiente,
corroída ao longo do tempo pela malversação do erário público e a contaminação
generalizada do Estado por uma corrupção endêmica.
Uma Intervenção Militar Federal à brasileira, será que
dará certo? Quais os riscos? O que consta na Constituição sobre a GLO
(Garantia da Lei e da Ordem) é uma medida provisória que concede ao Exército o
poder de polícia quando há o esgotamento de todas as forças de segurança
pública. O ministro Raul Jungmann descartou essa possiblidade. Ongs dos
Direitos Humanos e mesmo a OAB entraram com o pedido para retirar da autoridade
militar o direito de entrar nos imóveis, caso necessário. Fica difícil em um
morro identificar números e nomes de ruas, pois não há, sabe-se da expertise
usada pelos traficantes.
General Heleno adverte que não adiantará só o patrulhamento
de GLO. As FFAA precisam de um suporte jurídico para que possam ter sucesso.
General Vilas boas quer um respaldo para os seus militares. Não quer ver
acontecer mais uma Comissão da Verdade e a imagem do valoroso Exército de
Caxias cair no descrédito.
O que adianta apenas uma sensação de tranquilidade? O que
adianta uma sensação de segurança sendo que após dez meses é o prazo do
Exército para resolver uma situação tão árdua e espinhosa, colocando a vida de
militares em risco, como seguranças de ruas e calçadas - um alvo fácil
para os traficantes armados até os dentes, com armas potentes. Com certeza se
houver baixa de civis em confronto, o ônus recairá sobre os militares, não
tenho dúvida.
No momento não dá para se ter certeza do resultado efetivo e
possíveis complicadores para os outros Estados na possível fuga dos bandidos ou
outras situações temerárias. Lembrando que a Colômbia só venceu o tráfico com o
Exército fazendo o que está nas pautas da ONU, atirar, e o uso da força que é
peculiar ao Exército em regime de guerra. Foi assim também no Haiti.
A atitude prioritária anterior ao pedido de uma IMF
seria uma auditoria irrestrita pelos militares em todos os órgãos públicos do
Estado. Todos, sem exceção, colocar ordem na casa e arrancar a árvore podre e o
cupinzeiro. Nada mais eficiente que um tribunal militar para
possíveis servidores que pactuam com o crime.
O momento não é fácil, precisamos repensar nossas atitudes, nos
envolver mais com os caminhos da nossa nação. Deixamo-nos por muito tempo à
deriva e em mãos enganosas e inescrupulosas. Triste constatação!
Toda atenção ao norte do nosso país. Roraima está passando
por momentos dificílimos com a desenfreada imigração venezuelana, e dentre eles
poderão vir milícias cubanas assim como qualquer outra persona non grata, ou em
bom português: bandido mesmo, terrorista, patrocinada pela nova lei de
migração.
Vamos aguardar.
Por Miryan Lourenço é designer e adepta à acupuntura e medicina
chinesa