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Lula preso é justiça ou consumação do golpe?

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Por Mário Sérgio de Melo

No dia 10 de fevereiro passado advogado da cidade opinou neste jornal que Lula pode e deve ser preso. Opinião divergente tem um dos juristas de maior reconhecimento no mundo, o italiano Luigi Ferrajoli. Ironicamente, o jurista italiano é um teórico renomado citado com frequência pelos juízes acusadores de Lula na Lava Jato.

Segundo Ferrajoli o julgamento deu-se com impressionante parcialidade, só explicável pela finalidade de por fim aos governos democráticos de Lula e Dilma. O processo deu-se de forma inquisitorial, com o juiz, que deveria ser imparcial, assumindo nítido papel de acusador, destruindo o princípio básico da justiça. As evidências da parcialidade são: a espetacularização midiática e demonização de Lula alimentada por pronunciamentos seletivos dos juízes, demonstrando hostilidade e pré-julgamento que justificariam rejeição dos magistrados; tendenciosa avaliação das delações premiadas, assumidas como verdadeiras ou falsas em função das hipóteses acusatórias; a simultaneidade com o juridicamente frágil impedimento de Dilma, os dois procedimentos com significado político de uma orquestrada operação de retrocesso democrático; a aceleração do processo de modo a afastar Lula das eleições presidenciais.

Não bastasse a ilegitimidade dos tendenciosos e acusadores juízes da Lava Jato, é bom lembrar que existem denúncias de que o juiz Sérgio Moro e outros tenham participado de treinamentos patrocinados pelos EUA  para que a justiça no Brasil viesse a funcionar de acordo com interesses do Tio Sam, principalmente no que diz respeito à política e aos recursos naturais do país, como o petróleo do pré-sal. A farda substituída pela toga. Formulam estas denúncias cientistas políticos respeitados no Brasil e no mundo, como Marilena Chauí e Jessé Souza.

Há analistas políticos que comparam o julgamento de Lula com os tribunais do Santo Ofício durante a inquisição. Hoje a mídia cumpre o papel de inquisidora. Ela, com o judiciário, o legislativo e o executivo, estão conluiados para manter o poder no Brasil na mão de ambiciosos entreguistas, que estão rifando as riquezas do país e explorando e imbecilizando a população, matando nossos sonhos de soberania e democracia.

O verdadeiro golpe de estado no Brasil foi realizado pelos interesses de oligopólios e rentistas que não se conformaram com os governos populares que procuraram distribuir renda, promover justiça e inclusão social e tornar o Brasil um país soberano frente à hegemonia dos interesses globais controlados por EUA e União Europeia. O golpe destituiu a presidenta legítima eleita pela maioria da população e colocou em seu lugar um fantoche que traiu o programa de governo com o qual se elegeu e atua descaradamente em favor dos interesses da elite do dinheiro.

A mídia sim executou exemplarmente as táticas de condicionamento reflexo da população semelhantes àquelas utilizadas durante o nazismo, a ponto de grande parte da classe média passar a apoiar o golpe nocivo a si mesma, que significa retrocesso enorme das possibilidades do país firmar-se como nação democrática, independente e com crescente justiça social. A demonização do Partido dos Trabalhadores, único partido popular que chegou ao poder no país, mostra isso. Como se os descalabros cometidos pelo PT e seus quadros não fossem cometidos também pelos outros partidos, por empresários, advogados, médicos, militares, e, infelizmente, por tanta gente no nosso país.

Lula tem dito que vai ser candidato, independente do rumo de seu julgamento. Isso porque ele ainda aparece em primeiro nas pesquisas eleitorais. Ou seja, boa parte dos brasileiros não se deixou lograr pelas obstinadas táticas de imbecilização empregadas pelo conluio da elite do dinheiro.

Nem todos somos otários.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, Professor do Departamento de Geociências da UEPG

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