Debates
Alerta para o uso adequado de fungicidas no controle da ferrugem da soja
Da Redação | 25 de janeiro de 2018 - 01:40
Por Silvânia H. Furlan
Causada pelo temível fungo biotrófico Phakopsora
pachyrhizi, a ferrugem asiática vem alarmando há mais de uma década os
técnicos e produtores de soja na grande maioria das regiões produtoras do país,
pela sua agressividade e mudanças de comportamento quanto à sensibilidade aos
fungicidas (sistêmicos).
Nesta safra 2017/18 já foram relatados mais de uma centena
de ocorrências de focos da doença em todo o Brasil, evoluindo
significativamente nos últimos dias, quando as plantas se encontram na maioria
dos cultivos na fase reprodutiva. Este período é considerado bastante crítico
quanto à suscetibilidade das plantas e o que se pode acarretar para o seu
potencial produtivo.
Aliado ao estádio crítico da cultura (reprodutivo), o fator
climático tem contribuído sobremaneira para agravar ainda mais os riscos de
epidemias nesta safra. Todo o cuidado deve ser redobrado no que se refere às
aplicações preventivas e curativas dos fungicidas para se obter o melhor
desempenho deles, sem esquecer as boas práticas relacionadas à tecnologia de
aplicação visando uma boa cobertura e proteção das plantas.
Reforçar a importância de se atingir as partes baixeiras das
plantas, onde aparecem os primeiros sintomas da doença. O diagnóstico correto é
fundamental para as tomadas de decisão e a necessidade de se atingir
adequadamente o alvo, em especial para a primeira aplicação da lavoura,
preferencialmente efetuada antes do fechamento das linhas. Para as demais
aplicações, o intervalo entre elas deve ser rigorosamente obedecido de acordo
com as recomendações atuais, geralmente de 14 a 15 dias.
O uso de fungicidas é praticamente a única alternativa de
manejo das doenças quando a cultura da soja encontra-se instalada.
Particularmente para a ferrugem, o uso dos fungicidas sistêmicos associados aos
multissítios são obrigatórios para minimizar os danos e os riscos da
resistência do fungo, esta já amplamente conhecida para os três principais
grupos químicos utilizados (DMIs, QoIs e SDHIs).
Para esta safra, em especial nas regiões onde vêm ocorrendo
maiores precipitações, é importante estar alerta para a escolha do momento
correto das aplicações e para a escolha de produtos registrados e avaliados
pelas instituições de pesquisa, para evitar problemas de falha no controle das
doenças ou investimentos desnecessários. Alerta-se ainda para a adoção de um
programa diversificado quanto aos grupos de fungicidas, além do uso correto das
doses de registro, do intervalo entre as aplicações e dos adjuvantes
recomendados para cada produto.
Portanto, neste cenário de safra com uma presença expressiva
de inóculo (uredosporos) distribuído na grande maioria das lavouras de soja do
país e de uma favorabilidade climática para o desenvolvimento da doença, o
impacto da ferrugem pode ser ainda maior se falhas de naturezas diversas
ocorrerem antes e durante as aplicações dos fungicidas, acarretando em queda de
eficiência e de rendimento da cultura.
Finalizando, o Instituto Biológico vem dando continuidade
aos estudos sobre o monitoramento da sensibilidade das populações de P.
pachyrhizi aos fungicidas de diferentes grupos químicos, empregando a
metodologia de folhas destacadas (de acordo com o FRAC), além de estar
desenvolvendo durante a safra 2107/18, os ensaios de campo de rede nacional
visando também monitorar a resistência do fungo no Estado de São Paulo.
Silvânia H. Furlan – pesquisadora Dra. em Fitopatologia
- Instituto Biológico/Apta –Lab. Fitopatologia, Campinas-SP e integrante
do Eagle Team.