Debates
Por uma política pública de qualificação profissional
Da Redação | 20 de janeiro de 2018 - 02:59
Por Rudolf ‘Polaco’
Não é segredo que a falta de qualificação profissional
(aliada à falta de experiência formal) pode ser descrita como um dos principais
problemas na inserção no mercado de trabalho. Senti isso na pele durante o
período em que dirigi a Agência do Trabalhador em Ponta Grossa e notei que, por
muitas vezes, sobra disposição do cidadão que busca uma vaga, mas pode faltar
condição financeira para arcar com um curso profissionalizante.
Várias escolas e instituições privadas oferecem cursos
profissionalizantes – boa parte deles é pago. Por mais que o preço seja
acessível, por vezes o custo daquele procedimento acaba impedindo a
qualificação, atrasando a inserção no mercado de trabalho e gerando um ciclo
vicioso que inclui problemas como o subemprego, baixa remuneração e, por
último, a exclusão definitiva daquele cidadão do mercado de trabalho.
Por isso defendo que o acesso à qualificação profissional
integre uma política pública em Ponta Grossa, com destinação de recursos
efetiva. Com isso, a Agência do Trabalhador poderia oferecer cursos
profissionalizantes para cidadãos que comprovarem baixa-renda – a ação tem
caráter pedagógico ao profissionalizar e, ao mesmo tempo, oferecer inclusão
social àquele cidadão que está à margem da sociedade.
Sou autor de um projeto de lei que prevê a reserva de 10%
das vagas em cursos profissionalizantes para mulheres, vítimas de violência
doméstica. O argumento é simples e pontual: muitas vezes o que prende essa
vítima ao agressor é a dependência financeira. Com isso, profissionalizar
vítimas de agressão representa o fortalecimento da independência destas
mulheres.
Defendo ainda que os recursos investidos em
profissionalização trarão economias em outros setores. Com mais possibilidade
de acesso ao emprego, a expectativa é que se diminua a incidência da
criminalidade em faixas etárias mais propícias – além de diminuir o custo
com segurança reativa, por exemplo. É função do vereador pensar e encaminhar
mecanismos que contribuam com a sociedade como um todo.
Diante desse cenário, quero levar esse debate ao Poder
Executivo, estudando medidas colaborativas entre o Governo e a Câmara, para que
possamos discutir e implementar ações nesse sentido. Em tempos de profunda
crise política e diante de suas repercussões no mercado, é vital que o Estado
não se exima de oferecer condições e oportunidades para o cidadão,
principalmente o mais humilde.
Rudolf
‘Polaco’ Christensen é vereador do PPS e líder do Governo na Câmara Municipal
de Ponta Grossa.