Debates
Ensino técnico é opção para jovens driblarem o desemprego
Da Redação | 12 de outubro de 2017 - 02:26
Por Luiz Antonio Namura Poblacion
O Brasil é um país marcado pela desigualdade social. E isso
pode ser percebido em diversos setores. Um dos mais importantes é a educação, o
que afeta diretamente o emprego e a qualidade de vida dos trabalhadores.
Pesquisa recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) mostrou que o brasileiro com diploma de nível superior tem remuneração
140% maior do que um profissional que concluiu apenas o Ensino Médio. Essa é a
maior diferença entre os 40 países analisados no estudo.
O Ensino Superior ainda é algo quase inatingível para
brasileiros de algumas regiões do país. No Maranhão, por exemplo, apenas 7% da
população entre 25 e 37 anos frequentam uma universidade. Já no Distrito
Federal esse contingente sobe para 35%, o que ainda é pouco. E em todo o país,
apenas 15% dos universitários conseguem se formar. De acordo com a OCDE, esse
índice é mais baixo do que a metade da média mundial, que é de 37%; e
também menor do que o de países vizinhos como Argentina, Colômbia e Chile –
todos na casa dos 22%.
Uma das principais causas é o alto custo para se cursar uma
faculdade, visto que são muito poucas as universidades públicas do país; e para
conseguir vaga em uma delas é necessária uma boa preparação – que custa caro -
para competir com outros milhares de estudantes. A solução que muitos
encontram é recorrer aos financiamentos estudantis e às bolsas, tanto que 75%
dos estudantes universitários brasileiros estão em instituições privadas,
enquanto a média mundial é 33%.
O que muitos ainda não percebem é que ter um diploma de
Ensino Superior não é a única forma de conseguir um bom emprego. É preciso que
os estudantes e empresários valorizem a mão de obra técnica, que é extremamente
necessária. Esse desprestígio de carreiras ligadas a um diploma de Ensino Médio
Técnico gera preconceito inclusive entre os jovens, que querem estudar para
trabalhar em escritórios e não para atuar como mecânicos. O Brasil ainda
investe pouco em Ensino Técnico. Apenas 9% dos estudantes de Ensino Médio
recebem formação técnica – enquanto que nos países da OCDE esta média é de
46%.
Não bastasse a crise econômica que reduz as vagas em todos
os setores, esse quadro educacional se reflete diretamente no alto nível de
desemprego que atinge os trabalhadores com menor qualificação profissional do
país. Além de salários maiores, profissionais com Ensino Superior têm taxa de
desemprego menor. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego entre
profissionais com Ensino Superior foi de 6,4% enquanto que entre trabalhadores
com apenas o Ensino Médio foi de 14,6%.
Por isso, é fundamental valorizar o Ensino Médio Técnico, que garante aos jovens uma profissão, em setores tão carentes de mão de obra especializada. É preciso com urgência mudar esse cenário. O diploma técnico abre portas e pode mudar a cara do desemprego do país.
Luiz Antonio Namura Poblacion é Presidente do grupo
Vitae Brasil (www.vitaebrasil.com.br
);
Engenheiro Elétrico pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, com
especialização em Marketing e Administração de Empresas e MBA em Franchising
pela Louisiana State University e Hamburguer University – Mc Donald´s.