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O Galo cantou e a casa caiu!

Imagem ilustrativa da imagem O Galo cantou e a casa caiu!

Por José Ruiter Cordeiro

                Fosse eu delatado injusta ou mentirosamente por qualquer pessoa, em troca de diminuição de pena ou de qualquer outro benefício por ela recebido; certamente buscaria de todas as formas e imediatamente, apurar as razões que a levaram a assacar tais inverdades; ingressando na justiça – em todas as instâncias – ou, sumariamente, a buscaria onde quer que ela estivesse e lavaria minha honra e da minha família; posto que todos seriam  envolvidos! Assim faria, exatamente por considerar que o zelo pelo nome é um direito inalienável de qualquer pessoa que se tenha com dignidade e caráter suficientes.

                Entretanto, caso eu tivesse culpa pelo todo ou mesmo por parte do que a delação se referisse, a esperteza reinante sugeriria que negasse peremptoriamente, já em virtude do fatalismo procrastinatório que viceja em todos os compartimentos técnico-jurídicos do cipoal processual que engessa e faz tardia qualquer solução junto ao  Judiciário Brasileiro. E, nesse exercício jocoso e reiterado de proclamação de inocência, insistiria  que o delator afirmou tais inverdades somente para escapar do peso da pena que sobre ele recairia...E, por isso dissera aos investigadores (MP, PF e assemelhados), deslavadas infâmias, inclusive objetivando, além de escapar da pena, como já dito; também uma perseguição política ou político-partidária que me afastasse da vida pública.

                Isso seria cômico se não fossem tão trágicas as consequências de fatos assim recorrentes, principalmente após essa ferramenta democrática instituída pela Lava Jato, e posta à disposição da cidadania brasileira!

                Quais os argumentos passíveis de serem levantados e apresentados, que fossem aptos a nos levar a acreditar que todos os delatores mentiram ou estejam mentindo? Por que esses delatores – obviamente criminosos – tentariam escapar da pena, inventando coisas – quando suas declarações teriam de ser confirmadas e comprovadas, para daí cumprirem o objetivo que os socorressem? E, finalmente, por que fazer tanto mal para políticos (e seus familiares), invariavelmente destacados e com grande poder; quando a emenda resultaria pior que o soneto, em vista de que esses injustiçados e perseguidos seriam implacáveis e não lhes dariam tréguas, na sequência (como já referido!)

Mutatis mutandis, como recepcionar a ideia hilária de que todos os citados pelos delatores – sem nenhuma exceção – não tenham a menor culpa no cartório; sejam os valores recebidos em malas, mochilas, bolsas, em conta corrente; aqui ou no exterior, diretamente ou por terceiros...ou lavados em aquisições de joias, obras artísticas, imóveis, bens e produtos quaisquer que a fértil imaginação que gabinetes e alcovas possam engendrar?!?

                Tal é o caso em que, agora, nestes dias, o Paraná e Ponta Grossa estão sendo citados nesse mesmo rol de barbaridades tantas que enxovalham e fazem  roto qualquer tecido de brasilidade que até então nos orgulhasse; ainda mais assim tão próximo do aniversário desta Capital Cívica do Paraná.

                Meu Deus..., como continuarmos insensíveis ou cruzarmos os braços, diante  do teatro de horrores ou da farra do boi que o cotidiano mostra e comprova magistralmente por todos os meios de comunicação; ainda que – diante dos mesmos elementos e argumentos sobejos -; alguns Juízes, Desembargadores e Ministros; quase caricaturas, se comportem com inacreditável surrealismo e lassidão; inclusive soltando, liberando, facilitando e acoitando malfeitores useiros e vezeiros na arte de açoitar a sociedade com seus desmandos e lances de esperteza sem nenhuma graça!

                Até quando? Até quando continuaremos comentando apenas nos bastidores ou no aconchego de bares ou cafezinhos de ruas importantes/históricas/ancestrais...?

                Vamos, pois, passar a limpo nossa sociedade brasileira, começando por nossa Cidade e nosso Estado; dando a oportunidade para que denunciados escancarem suas vísceras e se arrependam de seus pecados contra o bem comum e se afastem da vida pública; ou provem – à exaustão – sua inocência e expliquem, inteligente e verdadeiramente – as razões que teriam levado os denunciantes a os enredarem assim tão profundamente nesses descalabros, nesses desvios e nessas falcatruas...; mas não com os argumentos já exauridos e sem nenhum fundamento de que eles o fizeram para escapar do peso de sentenças judiciais ou por perseguição política de qualquer matiz...

                Ora, ora, ora...eu sei que os idealistas costumam caminhar sozinhos; mas porque não acreditarmos que um dia poderemos vir a ser em quantidade suficiente, para daí construirmos um país que volte  a ser a sede do mais autêntico orgulho de um povo, e tenhamos certeza de que os até aqui famigerados representantes, venham a estampar e defender o bem comum e o interesse público, nada mais!

                Enfim, fica claro que o galo cantou e cantou alto e bom som; e se não houver fundamento e consistência nos argumentos da defesa, certamente a casa cairá. Acautelem-se, pois, aqueles que não acreditavam no Juízo Final!

José Ruiter Cordeiro (advogado e membro da ALCG)

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