Debates
Toque de recolher em Ponta Grossa
Mario Martins | 16 de agosto de 2017 - 02:57
Por Marcos Lins Condolo
Percebe-se claramente que os índices de violência no Brasil,
nas últimas décadas, têm crescido vertiginosamente, tomando a atenção da grande
mídia e pior, desvendando a face perversa e cruel da criminalidade, inclusive
no interior das penitenciárias (veja-se as rebeliões sangrentas ocorridas
recentemente no norte e nordeste brasileiro).
Particularmente em nosso município, ações criminosas que,
desde então, estavam circunscritas apenas aos grandes centros urbanos, tais
como, sequestros relâmpagos, arrastões em estabelecimentos comerciais, latrocínios,
roubos à residência, passaram a fazer parte do cotidiano e da realidade dos
pontagrossenses.
Na última sexta-feira recebemos, de forma estarrecedora, a
notícia que circulou nas redes sociais, onde determinada facção criminosa que
possui ramificação em todo país, iria vingar a morte de um indivíduo celerado
que entrou em confronto com a polícia no dia anterior. Evidentemente que o
boato ganhou ampla e irrestrita repercussão, principalmente em meio a juventude
princesina. Ao que se sabe naquela ocasião, que muitos podem chamar de “Noite
do Crime”, o movimento e a circulação de pessoas em casas de diversão, bares e
estabelecimentos do gênero, sofreu sensível queda.
Muito embora não devemos menosprezar a atuação eficiente dos
órgãos de segurança local, inquestionavelmente vivemos numa época em que, ao
lado dos grandes escândalos que envolvem a política nacional, tem-se a
impressão de que o brasileiro está perdendo gradativamente sua cidadania.
Explico, outrora podíamos nos dirigir tranquilamente a um caixa eletrônico,
fixado em qualquer estabelecimento comercial (farmácia, mercados), aos moldes
de qualquer país civilizado. Atualmente, não dispomos mais desta possibilidade,
pois, com medo de ações delituosas, os bancos recolheram seus caixas
eletrônicos daqueles estabelecimentos. Pior, limitaram até o acesso do cliente
nas instituições bancárias, fora do horário comercial. Seguindo o mesmo
raciocínio, o brasileiro tem frequentemente seus direitos fundamentais
aviltados, onde muitas vezes o próprio Estado (União, Estado e Município) passa
a ser o algoz do cidadão.
Agora, envoltos nesta síndrome da violência urbana, gerada pela contínua atuação da criminalidade, que ostenta e se utiliza (com exclusividade) de uma diversidade de armas; resta ao cidadão de bem, que quer e precisa manter esta condição, em homenagem ao Estado Democrático de Direito, criar rotinas e comportamentos que acabam limitando o seu direito sagrado de “ir e vir”, acatando, mesmo inconscientemente, o “toque de recolher da bandidagem”.
Marcos Lins Condolo é colaborador JM