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Resultados do Brasil no Pisa 2015
Da Redação | 05 de agosto de 2017 - 03:38
Por Christiane Mázur Doi
O Pisa é um exame dirigido a jovens na faixa dos 15 anos, realizado
a cada três anos e aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico). Sua última edição aconteceu em 2015 e a próxima
ocorrerá em 2018.
Esse exame avalia os estudantes em três áreas: Leitura,
Ciências e Matemática. Não é um teste que cobra conhecimentos enciclopédicos ou
fórmulas “decoradas”: os enunciados têm de ser interpretados, os problemas
demandam raciocínio lógico e as questões exigem pensamento crítico.
De acordo com a pontuação obtida, os alunos são
classificados em: nível 1 (de 358 a 420 pontos); nível 2 (de 420 a 482 pontos);
nível 3 (de 482 a 545 pontos); nível 4 (de 545 a 607 pontos); nível 5 (de 607 a
669 pontos); e nível 6 (acima de 669 pontos).
Estudantes com menos de 358 pontos estão “abaixo do nível 1”,
pois não conseguem compreender nem os enunciados mais simples.
Mais de 70 países participaram do Pisa 2015. O Brasil, com
estudantes da 7ª série ou 8º ano do Ensino Fundamental, é o único país da
América do Sul presente em todas as edições da avaliação, que começou em 2000.
Nas três áreas avaliadas no Pisa 2015, os brasileiros
ficaram no nível mais baixo de desempenho, o nível 1. Obtiveram 407 pontos em
Leitura, 401 em Ciências e 377 em Matemática, área na qual o Brasil ficou entre
os seis piores, abaixo da Argentina, do Chile, da Colômbia e do Peru.
As 27 Unidades da Federação aderiram ao Pisa 2015, com 841
escolas, sendo 13 federais, 569 estaduais, 156 municipais e 103 privadas.
A pontuação brasileira foi sempre inferior à pontuação média
da OCDE (490 pontos). A melhor pontuação foi a das 13 escolas da rede federal
(488 pontos). Na sequência, estão as 103 escolas privadas (463 pontos). Essas duas
categorias estão nos níveis 3 e 2, respectivamente, em escala de 1 a 6.
As 569 escolas estaduais obtiveram 369 pontos, o que as
coloca no nível 1. A situação das 156 escolas municipais é tão grave que seus
311 pontos não permitem que sejam classificadas nem no nível 1.
Há um dado importante: 43,74% dos 23.141 brasileiros participantes
do Pisa 2015 ficaram abaixo do nível 1 em Matemática. Ou seja, quase metade dos
nossos alunos não conseguiu realizar formulações óbvias. Considerando-se todos
os participantes do programa da OCDE, apenas 8,47% obtiveram classificação
menor do que a mínima.
No outro extremo, somente 3,99% dos brasileiros participantes
do Pisa 2015 ficaram em situação de excelência, nos níveis 4, 5 e 6. Entre
todos os alunos dos mais de 70 países, 29,28% alcançaram essa posição.
Outra situação chama a atenção: segundo a Fundação Lemann,
os brasileiros participantes do Pisa 2015 que estudam nas “escolas privadas de
elite” obtiveram 497,2 pontos em Matemática, enquanto os estudantes da OCDE da classe
mais alta e que estudam em qualquer tipo de escola alcançaram 541 pontos.
Ou seja, mesmo em perfil socioeconômico privilegiado, nossos
alunos de instituições de elite revelam atrasos.
Christiane Mázur Doi Doutora em Engenharia, Mestre em Ciências e Engenheira. Estudando Letras. Cinéfila.