Debates
Hora de inovação nas empresas
Artigo escrito por Vanderlei Salvador Bagnato destaca ambiente de corporações
| 05 de novembro de 2016 - 02:16
Artigo escrito por Vanderlei
Salvador Bagnato destaca ambiente de corporações
A inovação é essencial para qualquer nação preocupada em
promover a riqueza e novas oportunidades de negócios. Criar um ambiente que estimule as corporações
na busca de novos produtos e serviços deve fazer parte da política pública
federal, independente do governo vigente. Por outro lado, as empresas têm na
Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) uma ferramenta indispensável para
superar desafios, enfrentar crises e conquistar novos mercados.
Nos momentos de crise alcançamos alternativas para melhorar
e criar novos produtos, serviços ou processos com o propósito de ganhos de
produtividade. E são exatamente nesses períodos que não podemos relegar os
investimentos em inovação para um segundo plano. Muito pelo contrário, devemos
acelerar e conquistar espaços. O Brasil tem um longo caminho pela frente para
competir com equilíbrio com outras nações. Ainda investimos cerca de 1,2% do
Produto Interno Bruto (PIB) em P&D. Enquanto isso, os Estados Unidos
aplicam no setor recursos na ordem de 2,5% do seu PIB e a Coréia do Sul alcança
4%.
Por outro lado, dispomos de importantes instituições de
referência internacional, com competência no desenvolvimento de pesquisas em
diversas áreas, uma boa infraestrutura e recursos humanos brilhantes, que são
essenciais nesse processo e podem contribuir para mudar esse panorama. Segundo
dados da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores), o país dispõe hoje de 94 projetos de parques
tecnológicos ativos, sendo 28 unidades já em operação e 52 em fase de projeto
ou implantação. Todo esse patrimônio resulta em 939 empresas instaladas nessas
unidades, que criaram mais de 32 mil empregos. A Agência USP de Inovação
(Auspin) também criou uma “rede de cooperação” composta por sete polos, onde
estão instaladas nos campi de Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão
Preto, São Carlos e São Paulo.
Avançamos ainda importantes passos com o Código Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação, que entrou em vigor no início deste ano. Ele
contribui para aproximar instituições universitárias e empresas em atividades
de P&D, prevendo ainda a redução de impostos para importação de insumos no
setor. O código também colabora para acelerar processos de licitação e aumentar
o período que as universidades dispõem para projetos de pesquisa e extensão em
parceria com as companhias.
Outro importante instrumento já está à disposição das
corporações. Elas contam com a Lei do Bem (Lei 11.196/05), uma ferramenta ágil
e de uso fácil, criada para as empresas investirem em P&D por meio de
incentivos fiscais e tributários. Uma de
suas vantagens é estimular a inovação nas empresas sem a necessidade dessas
companhias pedirem autorização prévia de órgãos governamentais para aplicar a
dedução. Segundo dados do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações), mais de 1.200 firmas utilizaram-se dos incentivos da nova
legislação, investindo R$ 9,25 bilhões em 2014.
A Auspin quer contribuir com esse debate para unir esforços
e acentuar as mudanças para criar um ambiente cada vez mais acolhedor para as
inovações no país. Estaremos realizando pela primeira vez na capital paulista o
BIN@SP, um encontro que contará com representantes de mais de 70 países.
Durante os dias 7 e 9 de novembro, vamos reunir representantes da indústria,
academia, investimento, incubação, desenvolvimento de negócios e agência de
desenvolvimento econômico para compartilhar boas práticas, conhecimento, além
de promover a inovação aberta e a oportunidade de aproximação e negócios.
O Brasil tem grandes desafios pela frente para melhorar a
qualidade de vida das pessoas, como reformas estruturais. Assim como
transformar P&D em política pública capaz de promover o desenvolvimento
sustentável, incentivando as empresas e instituições de pesquisa a buscarem
parcerias e soluções capazes de colocar nossos produtos e serviços como
referência internacional.
(*) Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador da
Agência USP de Inovação.