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Infestação por pulgas: entenda o ciclo e o controle do parasita

Amigão Pet Shop lança campanha contra infestação por pulgas em cães e gatos

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Amigão Pet Shop lança campanha contra infestação por pulgas em cães e gatos

Antes de qualquer ação para eliminar as pulgas dos cães e gatos, é importante recordar o ciclo de vida deste parasita, pois somente desta forma será possível entender a importância do controle ambiental e as dificuldades envolvidas quando se encara uma infestação.

Existem mais de 2500 espécies de pulgas catalogadas no mundo, entretanto, a espécie de maior importância para os cães e gatos é a Ctenocephalides felis ou a pulga do gato. As pulgas são insetos hematófagos, não voadores e pertencentes à ordem Siphonaptera. Elas passam por algumas fases durante seu desenvolvimento: ovos, larvas, pupa e finalmente o inseto adulto, e na dependência do ambiente em que estão (condições de umidade e temperatura), podem ter seu ciclo completo em semanas ou meses.

Um dos grandes desafios da presença destes parasitas, é que grande parte das formas jovens, cerca de 95% (ovos, larvas e pupas), encontra-se no ambiente e não são visíveis a olho nu, dificultando o entendimento das infestações por parte dos tutores, que se frustram quando percebem que os resultados não são imediatos.

As pulgas adultas, após se alimentarem do sangue do hospedeiro, colocam entre 40 e 50 ovos por dia sob o mesmo (cão ou gato). Os ovos, que medem cerca de 0,5 milímetro de diâmetro, não são aderentes ao pelo dos animais e acabam caindo no ambiente, geralmente nos locais onde os animais permanecem mais tempo: caminhas, sofás, tapetes, etc. Após alguns dias (entre 2 e 14 dias) estes ovos liberam as larvas, que para sua sobrevivência, se alimentam da matéria orgânica presente no ambiente (restos celulares da pele dos animais, fezes das pulgas adultas, etc). As larvas geralmente ficam entremeadas em tecidos das caminhas, sofás, tapetes, pois gostam de locais escuros e protegidos, já que são bastante sensíveis ao calor e à dissecação. Entre 5 e 12 dias, as larvas formam um casulo de proteção, chamado de pupa.  A pupa é extremamente resistente e impermeável, e não sofre ação de produtos ectoparasiticidas usuais (sejam aqueles que utilizamos nos animais ou aqueles destinados ao ambiente) e, portanto, a pupa é uma forma de resistência e a maior responsável pela dificuldade em eliminar uma infestação.  O uso de produto de limpeza comum não é eficaz na eliminação das formas jovens das pulgas (ovos, larvas e pupas) e, portanto o fato das formas jovens estarem no ambiente, não necessariamente se relaciona com a limpeza e higiene da casa, ao contrário do que muitas pessoas imaginam. Assim, reforça-se que a presença de pulga e de suas formas jovens não é necessariamente sinônimo de um ambiente sujo. Além disso, o tratamento adequado dos locais onde os hospedeiros (cães e gatos) vivem é imprescindível para a eficácia do tratamento ectoparasiticida, qualquer que seja ele. Da mesma forma, o tratamento efetivo deve incluir o controle em todos os contactantes do paciente, não apenas o indivíduo no qual se visualizou o parasita.

 O controle ambiental deve ser feito com produtos específicos para o ectoparasita alvo, neste caso as pulgas. De forma geral, as pulgas são sensíveis a princípios ativos como Clorpirifós e Piretroides (D-fenotrina, por exemplo), que podem ser utilizados no ambiente atentando-se sempre ao modo de uso indicado pelos fabricantes. Alguns produtos comerciais se apresentam na forma de spray para uso ambiental, outros na forma de solução para diluição em agua e alguns até estão disponíveis na forma em pó. O tratamento ambiental deve incluir não só áreas internas de convivência do animal, com especial atenção a tapetes, carpetes e tecidos em geral, já que estes são os locais em que os ovos e larvas das pulgas ficam entremeados até se tornarem pupas e insetos adultos, mas também se deve tratar as áreas externas, como quintais, canis, casinhas e se possível até o corredor da frente da casa, no caso de apartamentos. Lavar caminhas, toalhas, roupas de cama e mantas/panos dos animais é também muito importante. O uso de agua quente pode auxiliar na eliminação das formas jovens dos parasitas. Neste caso, recomenda-se deixar as peças de molho por 10 minutos em cerca de 60ºC. Para o ambiente interno, o uso de aspiradores de pó é uma excelente ferramenta, pois além de eliminar as larvas pelo calor e dessecação, induz a ruptura das pupas para que elas liberem as pulgas jovens, que, uma vez em contato com produtos parasiticidas presente no ambiente ou no animal, irão morrer pela ação dos mesmos.  O aspirador de pó tem ainda outra vantagem, facilita a penetração de produtos ambientais utilizados em forma de spray e até pode fazer a remoção mecânica das formas imaturas dos ectoparasitas, motivo pelo qual é importante descartar imediatamente o saco coletor após o uso, podendo-se inclusive utilizar produtos em pó ou em spray dentro do saco coletor antes de iniciar a limpeza.

É importante ressaltar que por conta do ciclo de vida das pulgas, é comum que os tutores tenham a impressão de piora de uma infestação após o início do tratamento, especialmente se o tratamento é realizado apenas no animal, sem associação a um tratamento ambiental adequado. Os produtos parasiticidas (sejam aqueles utilizados na pele – top spot ou spray, seja aqueles via oral – comprimidos) não tem ação de repelência contra estes insetos e uma vez que os insetos presentes no corpo do animal morrem, não há como impedir que novos insetos (recém-eclodidos de suas pupas) subam no animal. É totalmente compreensível a frustração do tutor que lida com esta situação, já que a expectativa é que o problema seja eliminado de imediato, o que não é uma realidade diante de casos de infestações. As infestações podem levar meses para serem corrigidas, especialmente se existe um foco de formas jovens, seja no ambiente do animal, seja em um vizinho de parede, por exemplo. É comum que as pessoas associem o problema à falta de eficácia dos produtos comerciais utilizados em seus pets, mas diante de toda a regulamentação necessária para que se comercialize um produto parasiticida no Brasil e em outros países, seria praticamente impossível comercializar um produto que não é eficaz. Os estudos realizados com os produtos devem demonstrar além de segurança à espécie a qual é destinado, uma alta eficácia contra os parasitas, para só então se obter a autorização de comercialização. Quando consideramos ainda empresas multinacionais, vale mencionar que estas, atendem exigências de diversas entidades regulatórias, não só a brasileira (que é o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Diante deste cenário, embora se compreenda toda a frustração de um tutor quando se depara com seu animal com um quadro de infestação por pulgas e que após dias da aplicação tópica ou ingestão de um produto ectoparasiticida, continua a ver a presença do parasita no animal, reforça-se que uma vez que haja informação e entendimento de todo o ciclo do parasita, das formas de resistência do mesmo (pupa) e da importância do tratamento multimodal, com certeza há de se diminuir muito as frustrações e aumentar as chances de correção do problema e satisfação com o produto escolhido.

Outra situação comum em que os tutores manifestam suspeita de ineficácia é quando se compara um produto parasiticida oral e um produto tópico. As moléculas mais inovadoras e utilizadas atualmente como ectoparasiticidas orais são aquelas do grupo da isoxazolinas, cuja velocidade de ação contra pulgas é muito rápida, sendo que algumas moléculas podem matar as pulgas a partir de 2 horas após o contato com o princípio ativo e isto leva a uma impressão de eficácia maior. Os produtos tópicos, por sua vez, primeiramente podem demorar entre 24 e 48 horas para atingir toda a camada de gordura do corpo do animal e a pulga ali presente, após entrar em contato com o princípio ativo, poderá levar até 24 horas para morrer após o contato com o ativo, ou seja, um tempo maior em relação aos produtos orais. Portanto, em infestações brandas, não há tempo do tutor observar o parasita no animal, caso tenha utilizado um produtos oral, pois os parasitas acabam morrendo antes de serem visualizados. Além disso, há de se considerar ainda, que a eficácia de produtos tópicos pode ser afetada pela frequência de banhos e por produtos terapêuticos utilizados durante o banho.

A preocupação com a estética dos animais aumentou em grande escala nos últimos 10 anos, bem como o diagnóstico e o tratamento de problemas dermatológicos e, portanto estes também são fatos que devem ser levados em consideração quando se escolhe o uso de produtos tópicos. Assim, embora seja comum que as pessoas associem o uso de medicações orais a uma eficácia maior, esta não é uma realidade, há apenas uma velocidade de ação maior. Os produtos registrados adequadamente e comercializados por empresas sérias são todos eficazes, mas a velocidade de ação é diferente e, portanto a expectativa com relação ao que se espera de resultado também deve ser diferente. Da mesma forma, produtos tópicos com um único princípio ativo pode ter uma velocidade de ação inferior aquele que sofre potencialização de efeito por um segundo ou até terceiro princípio ativo. O conhecimento das moléculas e de suas ações é outro ponto importante para entender o que se espera com relação ao produto escolhido para o tratamento.

Outro mito bastante comum é o de que princípios ativos mais antigos deixaram de funcionar devido ao desenvolvimento de resistência dos parasitas para com eles. A Organização Mundial da Saúde define resistência aos inseticidas como: “O desenvolvimento da habilidade de uma cepa de organismos (pulgas, ácaros, carrapatos, bactérias, etc) em tolerar as doses tóxicas de um componente, que em situações normais, mataria a maioria dos indivíduos daquela espécie alvo.”  No entanto, reforça-se que o desenvolvimento de resistência de ectoparasitas (pulgas, carrapatos e ácaros) é algo de rara ocorrência e que demora muitos anos de exposição de uma mesma linhagem familiar para que uma mutação e subsequente passagem genética se concretize. Embora já tenha sido identificada resistência com produtos que no passado providenciaram excelente controle antiparasitário em cepas laboratoriais utilizadas para experimentação, não há evidência científica de resistência em cepas de campo (exposição natural) para as espécies de pulgas, carrapatos e ácaros que parasitam os cães e gatos. Isto porque a maior parte dos princípios ativos utilizados contra estes parasitas atua em diversos receptores dentro do parasita e um processo de resistência para ser efetivado, deveria acontecer com mutações para cada um dos mecanismos de ação contra estes ectoparasiticidas e estas mutações deveriam ser passadas as gerações seguintes com sucesso e isto não é algo comumente observado com insetos e aracnídeos. Por isso, o tratamento de uma infestação por pulgas deve ser multimodal, ou seja, devem-se tratar os animais em conjunto com o ambiente onde eles passam a maior parte do tempo, para um resultado rápido e eficaz.

Em suma, o conhecimento do ciclo de vida das pulgas e principalmente dos seus hábitos e fatores de resistência (pupas) são importantes diante de um quadro de infestação. Da mesma forma o conhecimento do medicamento escolhido para o controle destes insetos, pois isto exerce uma grande influência tanto no tempo para que o controle seja efetivado, como na expectativa do tutor em relação ao quadro enfrentado. Uma vez que todos estes fatores sejam adequadamente esclarecidos, o controle das infestações tende a ser mais efetivo, bem como a própria aderência e a compreensão do tutor com relação ao tratamento sugerido.

Referências bibliográficas

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Junqueira, P. Dog fleas and cat fleas: Biology, prevention, non-chemical and chemical control with spot-ons, pipettes, collars, shampoos, baths, sprays, vaccines, repellents. Parasitipedia, 2015.

Potter, M. Ridding your home of fleas. Departament of Entomology. University of Kentucky College of Agriculture, 2014.

Dryden, M. Resistance to a Flea Product? Make Your Diagnosis / NAVC Clinician’s Brief / March 2010.

Coles, T.B.; Dryden, M.W. Insecticide/acaricide resistance in fleas and ticks infesting dogs and cats. Parasites & Vectors, 7:8 – 2014.

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