PUBLICIDADE
Imagem ilustrativa da imagem Só criticar não resolve nada

Por João Elter Borges Miranda

O movimento de ocupação de escolas cresce a cada dia. Mais de mil escolas e sessenta universidades foram ocupadas, em 19 estados em todo o país, sendo o Paraná o epicentro dessa luta em defesa da educação. Provavelmente quando este artigo for publicado esses números estarão desatualizados, porque é tudo tão rápido e dinâmico que outras instituições já terão sido ocupadas. Esse movimento é uma vitória não só para a nossa geração, como também para todas as futuras que através dessa luta terão o seu direito à Educação assegurado.

Em Ponta Grossa vimos recentemente a ocupação da UEPG, que começou no prédio da Reitoria e que agora, após negociações, se estabeleceu no Centro de Convivência. Foi uma vitória a ocupação da Reitoria que não raro é tratada como uma fortaleza e o campus entendido como um feudo, onde a opinião dos estudantes, professores, servidores, geralmente tem que se submeter a do administrador-central.

Infelizmente, no processo de ocupação do prédio da Reitoria ocorreram erros de ambos os lados. Ele estava todo trancafiado com cadeados e foi recusado a abertura de uma das portas. Isso exigiu que uma delas fosse relocada pelos estudantes para possibilitar a sua entrada. No momento da entrada, um descontrolado, que antes ofendia estudantes e servidores, entrou em entrechoque com os estudantes, causando confusão. Tudo isso teria sido evitado se o prédio não estivesse trancafiado e, principalmente, se a Administração Central tivesse prezado pelo estabelecimento do diálogo com os estudantes.

Após os vídeos da ocupação desse prédio serem divulgados, vimos a comoção de boa parte dos ponta-grossenses e a fúria da mídia local. Uma pena todo esse rebuliço acontecer por um fato isolado. Uma pena não vermos tanta comoção quando o engravatado que encabeça a administração-mor do nosso Estado implementa medidas que sucateiam e esgoelam a UEPG e todas as outras universidades e escolas estaduais. Uma pena também não vermos uma comoção tão grande e abrangente quando estudantes, servidores, professores, são nos espaços dessa universidade assaltados, outras violentadas sexualmente, alguns esfaqueados, entre outras tantas violências que a comunidade vem sofrendo há anos.

Não sei se toda essa atenção que foi despendida para a confusão do momento da ocupação do prédio da Reitoria é mesmo comoção ou não passa de cinismo. Não sei! Só sei que enquanto muitos ficam esperando dos outros um papel que não cumpriu dignamente, a geração que cresceu ouvindo críticas por “não se interessar” por política está provocando um abalo sísmico no sistema político do país. Enquanto muitos acham que estão fazendo política criticando nas ruas e nas redes sociais quem está em luta, os jovens que estão ocupando fazem Política, com “P” maiúsculo.

Criticar faz parte e é democrático, mas não podemos nos restringir a isso. Então, se muitos ponta-grossenses estão mesmo tão incomodados com o andar da carruagem, que se levantem e vão fazer algo a respeito, ao invés de se limitarem a ficar criticando. Nós estudantes e educadores estamos fazendo. Sabemos que a educação brasileira está sob ataque, em crise, e compreendemos a importância de não arredarmos o pé da luta até que os nossos direitos estejam assegurados. Temos, enfim, clareza de que não ergueremos um país melhor somente com críticas e braços cruzados.

João Elter Borges Miranda
[email protected]

Tema da Semana

A ocupação da Reitoria da UEPG e a crise na Educação

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE CONSELHO DA COMUNIDADE

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE