Cinema
‘Rodin’ frustra e cai no tédio
‘Rodin’ frustra e cai no tédio
Da Redação | 26 de maio de 2018 - 00:17
‘Rodin’, do diretor e roteirista francês Jacques Doillon, é um daqueles filmes cuja sinopse e trailer prometem, mas o trabalho, em si, decepciona. Afinal, trata-se do recorte cinebiográfico de Auguste Rodin (Vincent Lindon) um dos escultores mais famosos do mundo, um dos únicos cuja fama rompe as fronteiras do próprio meio de atuação.
No trailer, vemos o artista transitando entre diversas obras que, aos poucos, ganham vida; acompanhamos o protagonista tocando árvores para aguçar a sensibilidade e alimentar a inspiração; ouvimos Rodin comentando sobre o fato de colocar a argila em primeiro lugar na lista de materiais usados na arte da escultura e, assim, providenciar a inversão da ordem clássica: ouro, bronze, pedra, madeira e argila; vemos o escultor sendo participante de cenas sensuais com suas modelos.
Isso tudo esboça um panorama de sensibilidade, sensualidade, poesia e técnica no relato de um personagem que circula em um mundo marcado pela estética e pelo prazer de criar. O problema é que tudo fica só no trailer.
O recorte cinebiográfico feito por Doillon ocupa-se por retratar três aspectos: a relação entre Rodin e Camille Claudel (Izïa Higelin), sua aluna mais talentosa, e o impacto disso no casamento com Rose (Séverine Caneele); a sensualidade que ronda o trabalho do escultor com suas modelos; e as discussões envolvendo o processo de criação de ‘Balzac’, uma de suas obras famosas.
Essas três frentes narrativas têm potencial, claro, para atrair e provocar impacto, mas não é o que acontece. O convite ao tédio impera, potencializado pela paleta de cores quase monocromática, concentrada nos tons de branco, preto e cinza na maior parte das duas horas de duração. Duração, aliás, que poderia ser reduzida, considerando-se a inabilidade do roteiro em encantar.
*Texto de Tiago Luiz Bubniak