PUBLICIDADE

Contextualização banal sem fim

Contextualização banal sem fim

Imagem ilustrativa da imagem Contextualização banal sem fim

No dia 21 de agosto de 2015, o marroquino Ayoub El Khazzani, armado, atacou um trem que ia de Amsterdã, na Alemanha, para Paris, na França. Dentre os passageiros estavam Alek Skarlatos, Anthony Sadler e Spencer Stone, três amigos da Califórnia, nos Estados Unidos. Juntos, eles conseguiram render o atirador, foram homenageados como heróis pelos presidentes da França e dos Estados Unidos e ganharam manchetes ao redor do mundo. Essa história é recontada no filme “15h17: Trem para Paris” pelo diretor Clint Eastwood, com roteiro baseado no livro de mesmo nome escrito pelos três estadunidenses em conjunto com o jornalista Jeffrey E. Stern.

Um dos principais chamarizes da produção é o fato de o diretor ter optado por escalar os três personagens reais para interpretarem a si mesmos. A decisão é curiosa, o gesto de Skarlatos, Sadler e Stone é louvável e a história tem potencial para atrair multidões com seu destaque do heroísmo baseado em fatos reais. Mas o projeto como um todo é uma tragédia narrativa.

Existe uma contextualização interminável para desembocar no ápice do filme, que é o acontecimento que motiva o fato de a produção existir. O roteiro arrasta-se e ancora-se em diálogos descompromissados para mostrar (1) como os três começaram a amizade na escola, (2) o amor ao militarismo e às armas e (3) como foi o passeio pela Europa pouco antes do atentado terrorista. Nas três etapas, no entanto, o que se vê é excesso de cotidiano. Há uma coleção de pormenores dispensáveis, um mergulho exagerado no banal que, inevitavelmente, conduz o espectador ao tédio. 

No momento em que “15h17: Trem para Paris” efetivamente chega ao seu ponto mais alto, há muito pouco para contar. Tão pouco que a câmera demora-se, por exemplo, no sangue de um dos feridos. É um recurso completamente desnecessário. No máximo, este filme renderia um curta. Ou, quem sabe, um documentário, que poderia resultar em algo mais interessante e convincente. Do jeito que ficou, o próprio filme é uma contextualização sem fim. 

*Texto de Tiago Luiz Bubniak

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE CINEMA

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE