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Mensagem da música de Belchior ganha força de bom cinema em ‘Como Nossos Pais’

Mensagem da música de Belchior ganha força de bom cinema em ‘Como Nossos Pais’

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O começo de ‘Como Nossos Pais’, da diretora Laís Bodanzky, logo captura a atenção do espectador na mesma medida em que a tensão cresce. A chuva que chega às pressas e dispersa a típica cena de união familiar ao redor da mesa é apenas uma metáfora das tantas que acompanham a narrativa:  a chuva sucede a “tempestade” das palavras.

Laís é adepta dessa forma de filmar em que pequenos detalhes são bem pensados. Os personagens são constantemente deslocados para o canto nos enquadramentos. O enfoque mais demorado na fumaça que se espalha é aliada ao silêncio necessário para se assimilar o impacto de uma notícia bombástica que acabou de ser dada, bem como (tentar) dispersar o constrangimento que insiste em permanecer. O leite derramado que desliza parece uma inundação. A figura do marido alfineta alguns comportamentos masculinos, mas sem tornar ninguém vilão: salvando a Amazônia, ele quer salvar o mundo, mas pouco ajuda no microcosmo do próprio lar.

Como tudo é bem cuidado, do roteiro às opções de filmagem, passando pelas interpretações, a mensagem básica do filme ‘Como Nossos Pais’ impacta. Não raras vezes, cansa ser mãe, filha, esposa, funcionária, tudo ao mesmo tempo. Rosa (Maria Ribeiro), a protagonista, encara os desafios de desempenhar esses papéis com uma perfeição imposta por ela mesma. O resultado? Não é difícil imaginar.

Laís também assina o roteiro em conjunto com o esposo, Luiz Bolognesi, ele que tem em seu currículo obras como ‘Uma História de Amor e Fúria’, ‘Bicho de Sete Cabeças’ e ‘Bingo: O Rei das Manhãs’. A escrita lembra bons exemplares do cinema francês: transborda naturalidade e verossimilhança. O que acontece pode acontecer fora do universo da ficção e a competência do trabalho chama o espectador a esquecer que existe um roteiro, uma estrutura narrativa pré-elaborada.

A mensagem da música de Belchior que dá nome ao filme e ganhou fama na voz de Elis Regina permeia toda a narrativa. ‘Como Nossos Pais’ é um retrato da angústia da acomodação, de sonhos não realizados, de mudanças que, aparentemente, não vêm, da dificuldade de enquadramento no sistema. Um espetáculo, enfim, um exemplar memorável do cinema nacional.

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