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‘Raw’ é mais que um filme capaz de fazer as pessoas passarem mal

‘Raw’ é mais que um filme capaz de fazer as pessoas passarem mal

‘Raw’ é mais que um filme capaz de fazer as pessoas passarem mal
‘Raw’ é mais que um filme capaz de fazer as pessoas passarem mal -

‘Raw’ ganhou fama por ter feito várias pessoas precisarem de atendimento médico durante sua exibição no Festival de Toronto, no Canadá. O filme conta a história de uma jovem vegetariana que, ao ingressar na faculdade de veterinária e ser obrigada a comer o rim de um coelho durante o trote, sente incontrolável vontade de ingerir carne humana.

A trama, movimentada pelo canibalismo e pelas mudanças que Justine (Garance Marillier) vivencia, é uma metáfora óbvia do impacto das transformações pelas quais passa uma adolescente ao ingressar na universidade. Várias situações que marcam esse período estão presentes nos fotogramas que se sucedem: descobertas sexuais, rituais de passagem, aceitação social, bullying, pressão de professores, autoconhecimento, início do processo de autonomia em relação aos pais.

“Raw” significa “cru”, em inglês. E é mesmo crua a forma como a francesa Julia Ducournau, responsável pela direção e roteiro, entrega seu trabalho. O impacto das cenas de antropofagia pode até prejudicar estômagos mais sensíveis, mas o filme se esforça para ser lembrado por bem mais que a produção responsável por fazer as pessoas sentirem-se desconfortáveis no Festival de Toronto.

Em alguns momentos, amplos enquadramentos tomam a tela. Ao fundo, surge um ser humano, solitário e pequeno. Por mais que ele ganhe espaço na cena enquanto se aproxima da câmera, ainda permanece pequeno diante do todo. Que o espectador interprete como queira essa técnica de filmagem dentro do contexto em que aparece, bem como os fatos de haver personagens marcados por cicatrizes e uma sutil (ou nem tanto) pressão materna sobre Justine.

As cenas de ‘Raw’ são bem elaboradas do ponto de vista estético, com equilíbrio de cores, enquadramentos bem cuidados, elementos no devido lugar na hora apropriada. Duas cenas destacam-se. Umas delas é a que mostra a festa universitária de acolhida dos calouros. A câmera desliza expondo as mais diversas situações típicas de uma ocasião como essa. A outra cena é aquela em que Justine recebe um banho de tinta azul, é jogada para junto de um colega que recebeu um banho de tinta amarela e os dois são convocados a “se misturarem até ficarem verdes”. O resultado é de uma beleza e significação raras.

Sim, ‘Raw’ se esforça para ser lembrado por bem mais que a produção responsável por fazer as pessoas passarem mal no cinema.

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