A suavidade que emana de ‘Saint Amour: Na Rota do Vinho’

‘Saint Amour: Na Rota do Vinho’ é um autêntico road movie, aquele tipo de filme em que os personagens caem na estrada e, no decorrer da viagem, passam por transformações. O próprio complemento do título em português já deixa isso bem claro (o título original é apenas ‘Saint Amour’). Quem embarca, no caso, são os agricultores Jean (Gérard Depardieu) e Bruno (Benoît Poelvoorde), pai e filho, respectivamente. Jean vê na participação de uma feira rural a oportunidade de se aproximar do filho alcoólatra e o convida para um tour por vinícolas francesas. Para isso, contam com os serviços do taxista Mike (Vincent Lacoste).

A viagem é filmada, em boa parte, com câmera na mão, criando uma atmosfera de registro documental. A fotografia é beneficiada com as belas paisagens por onde o trio passa. O passeio lembra, em certa medida, o também road movie recente ‘Paris Pode Esperar’, em que Anne (Diane Lane) e Jacques (Arnaud Viard) percorrem várias regiões do interior da França, presenteando o espectador com belos cenários naturais e cenas de gastronomia.

Tudo é suave em ‘Saint Amour: Na Rota do Vinho’: a comédia, o drama, a aventura, a poesia. Que o diga a poesia suave da cena em que uma mulher chamada Vênus cavalga por Paris montada em um cavalo negro, tendo a Torre Eiffel ao fundo. Que o diga a comédia suave da cena em que Bruno enumera os dez estágios da embriaguez com a firmeza de um profundo entendido.

Não há nada exagerado, nada que arranque lágrimas ou risos excessivos neste filme dirigido e roteirizado por Benoît Delépine e Gustave Kervern. O que existe é apenas o fluir constante de uma boa história que atrai na medida certa. Como um bom vinho tomado com moderação e que desce... suave.