Cinema
‘Até o Último Homem’ traz um toque de paz
‘Até o Último Homem’ traz um toque de paz em meio ao caos
Da Redação | 05 de agosto de 2017 - 02:28
Homens em chamas. Corpos voando como se fossem entulhos lançados por explosões. Soldados com fiapos de pernas. Já nos segundos iniciais de ‘Até o Último Homem’ o diretor Mel Gibson explica em imagens porquê a guerra pode muito bem ser considerada a materialização da ideia coletiva de inferno, uma situação de extremo desespero e sofrimento. A exposição de toda essa selvageria e do absurdo que ela evoca tem justificativa: intensificar o quanto o comportamento do personagem principal é capaz de causar estranheza. No caso, Desmond Doss, soldado e socorrista dos Estados Unidos que, durante a Segunda Guerra Mundial, passou pelo exército e ingressou no campo de batalha sem tocar em uma arma. Fala-se em estranheza porque, afinal, como pode alguém ir desarmado para um ambiente desses?
O caos das cenas iniciais dá lugar à calmaria para que seja feita a contextualização sobre quem foi Desmond Doss, aqui interpretado por Andrew Garfield. Cristão, ele queria ajudar a salvar vidas, mas sem manusear rifles e afins. A decisão, obviamente, foi considerada completamente insana e desencadeou uma série de forças contrárias a esse seu propósito. Com seu comportamento, Doss era uma afronta à natureza intrínseca da guerra: matar.
A história dá visibilidade à chamada objeção de consciência, atitude que faz alguém, por razões religiosas, morais ou éticas, negar-se a realizar certas coisas previstas em lei. Feita a contextualização sobre quem foi o protagonista e sua objeção de consciência, o roteiro desemboca novamente no verdadeiro inferno que é uma guerra, com as fortes cenas tomando boa parte da projeção. Mel Gibson demonstra, mais uma vez, sua obsessão por sangue, algo já visto em ‘A Paixão de Cristo’ e ‘Apocalypto’, por exemplo.
O típico físico de Andrew Garfield (que deu vida, inclusive, ao Homem Aranha) potencializa o ápice do filme, revelado no próprio nome da produção. É envolvente acompanhar como o franzino Doss consegue resgatar dezenas de companheiros feridos do campo de batalha. ‘Até o Último Homem’ pode ter seus momentos de excesso, que resvalam para o melodrama, aqueles momentos calculada e estrategicamente elaborados para emocionar. Mas, no conjunto, não deixa de ser um belo filme, com uma bela mensagem pacifista em meio ao caos.