‘Invasão Zumbi’ mostra egoísmo e solidariedade em meio ao caos

Um cervo é atropelado e, aparentemente, morre. Mas consegue levantar e, quando olha para a câmera, conseguimos ver que algo foge do normal: seus olhos estão esbranquiçados. A cena surge logo no início de ‘Invasão Zumbi’, do diretor sul-coreano Sang-ho Yeon, e é apenas um sinal do que está acontecendo. Somente aos poucos é que os personagens (e os espectadores, por extensão) vão tomando consciência de que uma infecção se espalha por Seul. De início, as notícias na televisão só mostram que tumultos estão explodindo em todos os cantos e algumas telespectadoras chegam a comentar que, hoje, as pessoas brigam por qualquer coisa.

Em sua quase totalidade, a trama enfoca uma viagem de trem de Seul para Busan e a luta dos passageiros para permanecerem livres dos mortos-vivos. Entre os viajantes estão o executivo Seok (Yoo Gong) e sua filha Soo-an (Su-an Kim). Seok leva Soo-an para rever a mãe, já que o casal está separado.

Em meio ao sangue, aos gritos e ao caos, o que ganha destaque nesta produção é o comportamento humano em momentos de crise. Quando não há perseguição (e elas são muitas), os diálogos curtos e as rápidas cenas de estratégias pela sobrevivência destacam o confronto entre o individualismo e a sensibilidade com o coletivo. Enquanto alguns personagens preocupam-se com quem está ao lado, outros pensam somente em si. Simples assim.

Essa abordagem não é novidade em filmes dessa natureza e, no caso específico de ‘Invasão Zumbi’, chega a ser bastante ingênua, quase simplória. Ficam evidentes as lições de moral envolvendo o pai que não dá a devida atenção à filha, a filha que dá exemplo de conduta para o pai, o senhor prestes a ser pai que se preocupa com o grupo, o personagem que não tem qualquer respeito ao outro quando o que está em jogo é garantir a própria defesa contra a ameaça que se alastra.

O filme é repleto de situações já retratadas em outras obras de temática zumbi. Feitas as ressalvas, no entanto, convém lembrar que a obra consegue criar suspense, entregar a ação esperada e deixar algumas mensagens que, mesmo já trabalhadas à exaustão, são bem-vindas como críticas ao egoísmo.