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“Espelho, espelho meu, existe alguém mais babaca do que eu?”

‘Rock’n Roll – Por Trás Da Fama’ é uma brincadeira metalinguística do ator e diretor francês Guillaume Canet

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‘Rock’n Roll – Por Trás Da Fama’ é uma brincadeira metalinguística do ator e diretor francês Guillaume Canet. Na vida real, Guillaume Canet vive com Marion Cotillard e tem um filho com ela. Em ‘Rock’n Roll – Por Trás Da Fama’, Guillaume Canet interpreta ele mesmo, Marion Cotillard interpreta ela mesma, os dois vivem juntos e têm um filho. Esse é o ponto comum entre a realidade e o filme. O restante? Puro embaralhamento entre o real e ficcional.

A graça deste trabalho dirigido pelo próprio Canet não está apenas no enfraquecimento das fronteiras entre a “verdade” e a invenção, mas, também, naquilo que apresenta como centro da narrativa. O título refere-se ao tripé “sexo, drogas e rock’n roll”. Com 43 anos, Canet é induzido por uma colega de trabalho a considerar que, nessa tríade, o “rock’n roll” foi deixado de lado. Ou melhor: o protagonista é estimulado a julgar que não está passando para a opinião pública a imagem de descolado no grau que gostaria.

Essa crise dos 40 não deixa o protagonista apenas chateado por “não ser tão rock’n roll” quanto deseja, mas o joga à beira da paranoia. Um problema no testículo revela-se símbolo da somatização de todo o descontentamento. E o detalhe de uma cena é capaz de chocar como representação do auge do descontrole, da decadência: um companheiro de noitada cheira cocaína em cima do celular de Canet, em cuja tela está a imagem do filho do protagonista.

Em ‘Rock’n Roll – Por Trás Da Fama’, Canet mostra uma incrível capacidade de rir de si mesmo. Ao fazer isso, estende o riso ácido para todo o sistema no qual está incluído. E vai além: a alfinetada dessa quase/pseudo/cinebiografia é dirigida para toda a “sociedade da imagem”, tão pronta em disseminar a ditadura da beleza, a ideia de juventude eterna, o cultivo de egos inflados, o culto exagerado à construção e preservação da própria imagem.

A primeira frase deste texto considera o filme uma “brincadeira metalinguística”. Brincadeira? Não deixa de ser, considerando-se o tom cômico da narrativa. Mas quando se leva em conta o alcance das reflexões que sua crítica e seu sarcasmo provocam (sem poupar Hollywood, inclusive), é possível enxergar o lado sério da proposta. E isso só enriquece a experiência de acompanhar o exercício cômico-dramático do ator-diretor.

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