Safra
Queda no preço do trigo provoca preocupação aos produtores da região
| 27 de setembro de 2016 - 02:44
Atento à pressão que o preço do trigo está sofrendo no
mercado interno e externo no momento em que os produtores paranaense estão
colhendo a safra do cereal, o presidente da Federação da Agricultura do Estado
do Paraná (FAEP), Ágide Meneguette, encaminhou na sexta-feira (23) um ofício ao
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) solicitando apoio à
comercialização do produto, para que a queda nos preços não prejudique a renda
dos produtores.
No cenário internacional, o preço do trigo vem caindo diante
do aumento na produção no Mercosul, que não foi acompanhado pelo aumento no
consumo na América do Sul. Segundo o documento, o recuo na paridade de
importação em relação à Argentina, por conta do câmbio, e o aumento da produção
no país vizinho favorecem as importações do Brasil, contribuindo para o cenário
de pressão nos preços recebidos pelos produtores.
Os efeitos já são sentidos no Paraná, principal produtor
brasileiro do cereal. De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e do
Abastecimento (Seab), o preço médio recebido pelo produtor paranaense em
setembro atingiu R$ 38,49 por saca. Esse valor é inferior ao custo operacional
no Estado, que é, em média, de R$ 45,08 por saca, praticamente igual ao custo
variável, de R$ 38,24 por saca, e também abaixo do preço mínimo de R$ 38,65 por
saca, estabelecido na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) para a
safra 2016/17.
Apesar de ser um alimento de importância estratégica na
alimentação brasileira, o trigo não goza de políticas de apoio que tornem a
cultura atraente, segundo o órgão. No Paraná, a área destinada ao cereal
encolheu 20% em relação à última safra.
A realidade é a mesma em Ponta Grossa. “No ano passado a
qualidade não foi boa, mas há expectativa de manutenção, subindo o volume da
produção, mas por uma questão climática”, explica o presidente do Sindicato
Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas.
PG tem redução de área plantada
O presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo
Ribas, explica que a queda de preços é um processo que vem ao longo dos últimos
anos, e que o produtor ainda não visa a rentabilidade do trigo. Na cidade, há redução da área plantada. “Isso
é fruto de uma má política de governo, que não incentiva a produção”, diz. O trigo corresponde a 4% do Valor Bruto da
Produção Agropecuária (VBP) em Ponta Grossa, segundo dados do Deral. A área de
produção é de 11.950 hectares.