Política
Impeachment não é consenso entre lideranças do Paraná
Opiniões
Afonso Verner | 13 de maio de 2016 - 06:40
O afastamento de Dilma Rousseff (PT) do cargo de presidente
não é consenso entre as lideranças políticas do Paraná. No Senado Federal, dois
senadores (Gleisi Hoffmann do PT e Roberto Requião do PMDB) foram contra o afastamento
da presidente, enquanto o senador Álvaro Dias (PV) defendeu o afastamento da
presidente. Na Câmara Federal, órgão responsável aceitar o processo de
impeachment, Aliel Machado (Rede) e Sandro Alex (PSD) também tem
posicionamentos distintos.
Gleisi foi uma das senadoras mais combativas durante a
tramitação do impeachment no Senado. A petista ressaltou, várias e várias
vezes, que o processo de impedimento da presidente é “golpe”. “Os golpistas
terão de entrar para a história como o que eles de fato são: Golpistas.
Conspiradores. Traidores da democracia e do povo brasileiro”, disparou a
senadora nas redes sociais.
Já o senador Roberto Requião (PMDB) usou a tribuna durante a
votação para afirmar que “o impeachment é uma besteira monumental, uma asneira”.
Durante a fala no Senado, o ex-governador do Paraná afirmou que o governo de
Temer, substituto imediato de Dilma, tem um programa “que reforça a dependência
do Brasil das grandes potências econômicas”. Para Requião, “querem nos
transformar em uma espécie de Porto Rico”.
Crítico assíduo do Governo Federal, o também ex-governador
do Paraná, Álvaro Dias voltou a criticar o modo como o PT fez política durante
os últimos 13 anos. “É possível, sim, governar o País sem um balcão de negócio,
substituindo a barganha política pela decência e pela dignidade, adotando
medidas que provoquem impacto na opinião pública, promovendo reformas essenciais,
insubstituíveis que ressuscitem as esperanças da nossa gente de um futuro
melhor”, ponderou Dias.
Dias também lembrou que esse tipo de ação levará o governo a
ter o apoio. “Um governo que promove mudanças consegue o apoio popular, e
governo que tem apoio popular tem o apoio do Congresso, porque o Congresso não
rema contra a correnteza da opinião pública”, assinalou o Senador. Álvaro
também ironizou o discurso de “despedida” de Dilma. “A presidente disse que
pode ter cometido erros, um deles foi a gestão desastrosa no setor elétrico”,
escreveu Dias nas redes sociais.
Deputados têm
ponderações diferentes
Os deputados federais Sandro Alex (PSD) e Aliel Machado
(Rede) tem posicionamentos distintos a respeito do afastamento de Dilma – no Congresso,
Sandro votou sim no processo que aceitou o impeachment, já Aliel disse não a
medida. Nas redes sociais, Aliel salientou o voto de Requião no Senado: “ele
preferiu manter a dignidade”, destacou. “Aos políticos que são sérios, porém
covardes, restará a esses no futuro pregarem: façam o que eu faço, mas não
votem como eu voto”, ironizou Aliel. Já Sandro, ferrenho crítico de Dilma,
comemorou também nas redes sociais. “Fim de tarde e também de Governo”,
satirizou Sandro ao postar uma imagem do Palácio da Alvorada.
A imprensa internacional destacou o afastamento da
presidente Dilma. Tão logo a votação foi finalizada em Brasil, os sites
começaram a repercussão da crise política. O argentino Clarín diz que Michel
Temer, que assumirá o poder, "sabe se mover nos bastidores do poder".
A CNN lembra que a primeira mulher a ser eleita presidente no Brasil foi alvo
de uma batalha política pelo seu impeachment. O jornal, que observou que o
Brasil registrou manifestações a favor e contra o afastamento da presidente,
trouxe o depoimento de uma professora contra o uso de gás lacrimogêneo contra
manifestantes pró-Dilma.
Impeachment é chance
para Brasil superar a crise, diz Campagnolo
O afastamento da presidente Dilma serve para que o Brasil
saia da paralisia política em que se encontra e comece a discutir com seriedade
medidas para a retomada da atividade econômica do país. A opinião é do
presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, para
quem a votação mostrou a força que a sociedade possui, quando mobilizada, para
interferir nas decisões do país.
“Assim como a maioria dos deputados, os senadores também
souberam ouvir a voz das ruas que clamava por uma mudança na maneira como o
país vinha sendo conduzido”, diz Campagnolo. “Com a decisão do Senado,
superamos mais uma importante etapa para colocar fim a esse impasse político.
Agora é preciso que, urgentemente, o novo governo dê sinais de que pode
recuperar a confiança de investidores, empreendedores, consumidores e de todos
os cidadãos, para que comecemos a nos recuperar dos estragos causados nos
últimos anos”, completou.