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O sacerdote e o filho por Paulo Coelho

Confira mais um trecho da obra do escritor

Imagem ilustrativa da imagem O sacerdote e o filho por Paulo Coelho
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Durante muitos anos, um sacerdote brâmane cuidava de uma capela. Quando precisou viajar, pediu a seu filho que se encarregasse das tarefas diárias até o seu retorno. Entre essas tarefas, o menino devia colocar a oferenda de alimento diante da Divindade, e observar se Ela comia.

O garoto dirigiu-se, animado, até o templo onde pai trabalhava. Colocou o alimento, e ficou aguardando as reações da imagem. 

Durante o resto do dia ele ficou ali. E a estátua permaneceu imóvel. O menino, porém, fiel às instruções de seu pai, estava certo que a Divindade desceria do altar para receber sua oferenda. 

Depois de muita espera, ele suplicou: 

- Oh Senhor, vinde e comei! Já é muito tarde já não posso esperar mais. 

Nada aconteceu. Ele então começou a gritar:

- Senhor, meu pai me pediu que eu estivesse aqui quando o Senhor descesse, para aceitar a oferta. Por que não o fazeis? Só comeis a oferenda das mãos de meu pai? O que eu fiz de errado? 

E chorou copiosamente por muito tempo. Quando ergueu os olhos e limpou as lágrimas, levou um susto: ali estava a Divindade, alimentando-se com que lhe tinha sido oferecido. 

Alegre, o menino voltou correndo para casa. Qual foi sua surpresa quando, ao chegar, um de seus parentes lhe disse:

 - O serviço terminou. Onde está a comida? 

- Mas o Senhor a comeu – respondeu, surpreso, o menino.  

Todos ficaram assombrados: 

- O que é que estás dizendo? Repete, pois não ouvimos bem. 

O menino repetiu com toda naturalidade e inocência: 

- O Senhor comeu tudo que lhe ofereci. 

- Não é possível! – disse um tio. – Seu pai lhe disse apenas para observar se ela comia. Todos nós sabemos que este é um ato meramente simbólico. Você deve ter roubado a comida. 

O menino, porém, não mudou sua história, mesmo quando o ameaçaram com uma surra.  

Desconfiados, os familiares foram até o templo, e encontraram a Divindade sentada, sorrindo. 

- Um pescador lançou ao rio a sua rede e conseguiu uma boa pesca – disse a Divindade - Alguns peixes estavam imóveis, sem fazer nenhum esforço para saírem. Outros lutavam desesperadamente, saltando, mas sem conseguir escapar. Só uns poucos eram afortunados em sua luta e conseguiam escapar. 

“Assim como os peixes, três tipos de homens vieram aqui para me trazer oferendas: uns não quiseram conversar comigo, achando que eu não ia responder. Outros tentaram, mas desistiram logo – com medo da decepção. Entretanto, este menino foi até o fim, e Eu, que jogo com a paciência e a perseverança dos homens, terminei por Me manifestar”

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