Dinheiro
Governo traça plano para eliminar gargalo ferroviário em PG
Rota de Guarapuava a Ponta Grossa é apontada como grande gargalo logístico para o transporte por trilhos no Paraná.
Fernando Rogala | 18 de agosto de 2017 - 03:26
O Governo do Estado do Paraná, junto com a Federação das
Indústrias do Paraná (FIEP) e outras entidades, seguem realizando estudos de
viabilidade técnica, econômica e ambiental para aprimorar a logística
ferroviária no Estado do Paraná. É justamente um trecho que passa pela região
dos Campos Gerais apontado como um dos maiores gargalos logísticos do setor: a linha
férrea entre os municípios de Guarapuava e Ponta Grossa. O trecho da Serra do
Mar, entre Curitiba e Paranaguá, é apontado como o outro maior gargalo no
Paraná. Para superar esses desafios, há a intenção de construir um novo trecho,
de Guarapuava ao litoral.
“Vendo a necessidade de aumento do transporte ferroviário, a
Secretaria de Infraestrutura e Logística, por meio da Ferroeste, está buscando
estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para superar estes dois
maiores gargalos logísticos do Paraná”, enfatiza o presidente da Ferroeste,
João Vicente Bresolin Araujo. Em ambos os casos, dois são os principais
empecilhos na otimização da logística: a grande quantidade de curvas, já que
ambos os trechos são sinuosos, e também a velocidade média de operação,
considerada baixa.
O traçado da estrada,
muito antiga, inviabiliza o tráfego de grandes composições. “A ferrovia
que conecta a produção com o Porto de Paranaguá foi construída de 1885, por D.
Pedro II. Precisamos de uma ferrovia com engenharia do século 21, produtiva e
competitiva e com o modelo ambiental necessário”, defende o diretor-presidente
da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique
Dividino.
No Plano Estadual de Logística de Transporte, que traz um
guia de obras apontadas como essenciais para o desenvolvimento do Paraná, para
serem realizadas até 2035, que está sendo apresentado pela Fiep, há ainda,
algumas soluções que podem ser desenvolvidas a curto prazo, para minimizar os
problemas até que grandes investimentos sejam feitos. Entre elas está uma
pequena alteração de raio na chamada curva São João, localizada na Serra do Mar.
Além disso, na mesma ferrovia é preciso também ampliar a capacidade do trecho
da Serra da Esperança, que liga Guarapuava a Ponta Grossa e à Lapa. Estudos
estão sendo feitos neste momento para gerar soluções já no curto e médio
prazos, bem como projetos a longo prazo estão em elaboração
Para longo prazo, projetos prévios já realizados, com o
possível trajeto, mostram que a nova linha entre Guarapuava e Paranaguá não
passaria por Ponta Grossa, e sim mais ao sul da região dos Campos Gerais. Já a
partir de Curitiba, ela reveria seguir uma rota parecida com a da BR-277, com
menor quantidade de curvas.
Investimentos devem ser realizados com recursos privados
Agora, após os levantamentos apontarem quais são os projetos
considerados essenciais, há o estudo de como eles podem ser viabilizados. “O
PELT nos indicou o que precisa ser feito. Agora precisamos buscar formas de
viabilizar estas obras”, destaca João Arthur Mohr, executivo do Conselho de
Infraestrutura da Fiep. Segundo ele, muitas destas obras serão feitas com
recursos privados. “O Poder Público não tem recursos suficientes para tantos
investimentos. Os orçamentos da União, estados e municípios estão comprometidos
com educação, saúde, segurança e previdência. Mas há investidores privados,
inclusive internacionais, interessados em financiar obras de infraestrutura”,
destaca Mohr. Segundo ele, para atrair estes investimentos são necessários
projetos técnicos bem estruturados, segurança jurídica no país e juros menores
para atrair capital. “Com a manutenção dos juros altos o dinheiro acaba sendo
direcionado todo para o mercado financeiro”, observa.
Ferrovias estão no limite
O presidente da Ferroeste observa que o índice de cargas
transportadas por vagões, que chegam até Paranaguá, tem se mantido estável nos
últimos anos, o que comprova o limite das ferrovias no Paraná. “O Porto de
Paranaguá movimenta anualmente 45 milhões de toneladas de produtos por ano,
sendo que apenas 20% deste total chega por ferrovia. O Porto de Santos, por
exemplo, recebe 40% da sua carga por vagões”, explica Araujo.