Debates
A sabedoria dos avós
Administrador | 26 de julho de 2016 - 02:58
Por José Expedito da Silva
Certamente você já disse ou ouviu dizer que os avós estragam
a educação dos netos e tiram a autoridade dos pais.
Esta afirmação é falsa ou verdadeira?
A resposta não é tão simples assim, pois não devemos
generalizar comportamentos. Nas relações familiares há quem queira determinar
um comportamento padrão e é rigoroso na cobrança dos filhos e netos. Mas, há
também quem sabiamente aconselha e passa sua experiência de vida com o devido
respeito às individualidades e às diferenças culturais das novas gerações.
Na realidade, esse tema da participação dos avós na educação
dos netos ganha ainda mais destaque, especialmente nesse tempo em que a
sociedade vive a grave crise do conceito de família. São pais que estudam,
trabalham, ficam desempregados ou se separam muito cedo e acabam deixando os
filhos mais tempo com os avós. E é feliz quem tem a presença segura do vovô e
da vovó, como amigos, conselheiros e companheiros de caminhada, contribuindo
assim para o desenvolvimento emocional e espiritual dessas crianças e
adolescentes.
Nesse contexto, o Papa Francisco afirma que “os avós na
família são os depositários e, muitas vezes, testemunhas dos valores fundamentais
da vida. A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante e torna-se ainda
mais, quando, por várias razões, os pais não são capazes de assegurar uma
presença adequada ao lado dos filhos durante a idade do crescimento.”
Portanto, para se evitar a injusta generalização sobre a
interferência dos avós na educação dos netos, é recomendável que se observe e
considere a sabedoria das pessoas idosas que, por sua experiência de vida, têm
mais habilidade no trato com as crianças e adolescentes. Mas, vamos combinar:
PAI é pai e AVÔ é avô... E cada um deve agir conforme o combinado, para evitar
conflitos.
Com toda essa vivência na educação dos próprios filhos,
amadurecida pelo tempo de reflexão sobre seus erros e acertos, os avós têm
papel fundamental na cultura do diálogo e da paz na família. Sempre com uma boa
história para contar, eles são agentes de conscientização e formação das
pessoas para uma relação familiar humanizada e fundada nas virtudes da fé,
esperança e amor.
Para saber se estamos sendo bons "avós/pais",
proponho uma releitura do "Hino da Caridade", escrito por São Paulo à
Comunidade de Corinto, colocando SEU NOME no lugar da palavra AMOR ou CARIDADE.
Com o devido respeito ao texto original da Palavra de Deus, a versão reflexiva
torna-se uma verdadeira "Oração de Amorização":
"O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é
presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é
interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra
com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo,
espera tudo, suporta tudo" (I Cor 13,4-7).
Este exercício espiritual pode ser repetido todos os dias,
quantas vezes for necessário, pois é um santo remédio para uma vida familiar
saudável.
"Bença vô! Bença vó!"
José Expedito da Silva é avô,
jornalista e apresenta o Jornal Café da Manhã na Rádio Canção Nova.