Após 11 anos, Kaká celebra volta ao São Paulo

O meio-campista Kaká, 32, celebrou o retorno ao São Paulo, clube em que foi formado, após 11 anos de sua saída. O ex-jogador do Milan foi apresentado na manhã deste domingo (6), no Morumbi, para cerca de 20 mil pessoas.
As primeiras palavras foram de agradecimento aos torcedores e ao presidente Carlos Miguel Aidar. Citou também o Orlando City, clube com quem firmou um contrato por três anos e que emprestou Kaká ao São Paulo até o final deste ano.
Depois, aos jornalistas, Kaká admitiu, em tom de brincadeira, que sua contratação pela equipe tricolor será um problema para o técnico Muricy Ramalho.
"Jogar ao lado de Ganso, Luis Fabiano, Pato. São todos bons jogadores. Certamente será um problema para o técnico resolver. Mas um problema bom. Com o calendário que vamos ter até o final do Brasileiro, ele terá opções para dar descanso aos jogadores, revezar o time", disse Kaká.
Kaká foi apresentado em um palco armado no gramado do Morumbi. Além do presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, estava acompanhado do goleiro e capitão Rogério Ceni e do atacante Luis Fabiano.
Mas o meio-campista negou estar apto para estrear no próximo dia 19 de julho, quando o São Paulo vai enfrentar o Chapecoense, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. A data é a preferida da diretoria tricolor.
"Não acho que seja possível falar em data. Estou treinando e me preparando fisicamente para depois decidir com a comissão técnica a data da minha estreia. Estou ansioso, mas não quero jogar, correr o risco de me machucar e depois ficar parado. Estou treinando há uma semana, mas só há dois dias no São Paulo", explicou.
Kaká também foi questionado se o vai apresentar o mesmo nível de 2007, quando foi eleito o melhor do mundo, ou de 2010, quando foi camisa 10 da seleção na Copa da África do Sul. A resposta foi negativa.
"O torcedor pode esperar o Kaká da última temporada pelo Milan. Fiz bons jogos, fui um dos artilheiros da equipe e terminei bem a temporada", disse o jogador, que disputou 37 jogos, fez nove gols e deu oito assistências na temporada pelo clube italiano.
Sobre a possibilidade de continuar no São Paulo após o fim do empréstimo (31 de dezembro de 2014), o jogador preferiu não se manifestar.
"Não posso falar. Tenho vínculo com o São Paulo que vai além do campo. Fui formado aqui. Tenho um vínculo institucional. Gostaria de ser campeão Brasileiro, jogar a Libertadores. Mas tenho contrato com o Orlando e tenho de me apresentar em fevereiro. O que vai acontecer dependerá mais dos presidentes dos dois clubes", disse Kaká.
"Também não estou me aposentando com minha ida para a Liga Americana. Nem penso nisso. Penso em jogar em alto nível, ser um embaixador do futebol nos EUA. Depois, quando for hora de me aposentar, será em um dos clubes que joguei [Milan, Real Madrid ou São Paulo]. Sempre tive vínculos longos", completou.
O São Paulo só volta a campo no próximo dia 16 de julho, diante do Bahia, em Salvador, quando o Brasileiro vai reiniciar após a pausa para a Copa do Mundo. O clube ocupa a quarta colocação, com 16 pontos conquistados. O líder Cruzeiro tem 19.
CONFIRA OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA DE KAKÁ:

VOLTA AO SÃO PAULO

É emocionante voltar ao São Paulo, ver o Morumbi cheio, estar ao lado dos meus familiares, meus amigos e no lugar em que vivi 13 anos da minha vida. É muito emocionante e um dia muito especial pra mim, para minha carreira e para todos os são-paulinos.

VAIAS NA 1ª PASSAGEM PELO CLUBE

De alguma forma, tudo ocorre para o bem. A minha saída do São Paulo [em 2003], sob críticas de parte da torcida fez com que eu amadurecesse. Hoje, o torcedor são-paulino também queria a minha volta, eu também tive o desejo de voltar para cá. Estão todos felizes. Espero que seja um período maravilhoso para todos nós.

O QUE MUDOU NO KAKÁ DESDE 2003

Estou mais maduro e experiente dentro de campo. Consigo escolher melhor as jogadas que vou tentar. Hoje, mais experiente, enxergo mais o jogo e tenho mais sabedoria na hora de escolher as jogadas.

ESCOLHA PELOS EUA

Sempre preservei na minha carreira construir relações de longo prazo. Sempre desejei construir as coisas dessa forma. Minha escolha de ir para os EUA passa por isso também. Passei por três clubes de muita tradição e agora vou ter esse desafio de começar em uma liga nova em um clube [Orlando City] que também está começando. Pelé já vou para os EUA. Lotthar Mattheus e David Beckham. Todos contribuíram de alguma forma. Espero ajudar como um embaixador. Não estou indo pra lá pra encerrar minha carreira. A parte financeira nunca foi minha prioridade. Talvez daqui dez anos eles tenham a liga mais importante do mundo.

POR QUÊ NÃO HÁ TÉCNICOS BRASILEIROS NA EUROPA?

Também não sei explicar. Alguns já passaram por lá, como Vanderlei Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari. De uma forma geral o futebol brasileiro precisa de uma reformulação em vários aspectos. Lá na Europa todos técnicos precisam ser formados, enquanto no Brasil não. O grande exemplo seria o futebol alemão que segue tudo a longo prazo, enquanto no Brasil tudo é imediato. O futebol brasileiro pode crescer muito, mas precisa de uma reformulação total.

CALENDÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO

O futebol brasileiro precisa de algumas mudanças, principalmente com relação a calendário de jogos. Estou falando superficialmente. A mudança tem de ser algo bem mais profundo, mas passa por uma mudança no calendário. O Brasil continua formando grandes jogadores, isso demostra que o Brasil continua com seus talentos, mas é preciso reorganizar o futebol brasileiro.

BOM SENSO F.C.

Tenho conversado com o pessoal do Bom Senso, mas ainda não me posicionei porque estava fora do país e quero me entender melhor isso. A princípio acho uma excelente ideia, porque é voltado não para o atleta, para o espetáculo. Para a melhoria de todos que estão envolvidos. Eu quero entender o que precisa ser feito para a melhoria do futebol brasileiro para depois me posicionar.

FICAR FORA DA COPA

Não foi uma frustração não ter sido convocado porque fiz tudo o que eu podia. Desde a minha saída do Real Madrid até minha ida para o Milan, quando recuperei minha alegria de jogar e permitiu que eu lutasse por uma vaga na seleção. Mas o Felipão fez as suas escolhas. Não estou frustrado. Espero que o Brasil seja campeão.

Informações Folha Press